terça-feira, 27 de setembro de 2022

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

 

Imagem da atriz que interpreta Liesel no filme

        Faz algum tempo que não escrevo e confesso que embora tenha vontade de fazê-lo a inspiração continua em baixa. Creio ser um problema recorrente de todo mundo que gosta de escrever. No momento, a política tem tomado conta dos noticiários, das conversas entre amigos, até dentro das famílias. Isto é bom, pois estamos discutindo o nosso futuro e como esta publicação esta sendo feita hoje, em setembro de 2022, poderá algum leitor deparar com este texto meses depois e estar feliz ou arrependido da escolha feita, mas aí já será tarde.

        Alternativa para o momento é escolher um bom livro ou ver um bom filme e foi o que fiz. O livro “A Menina que Roubava Livros”, de Markus Zusak eu já havia lido há alguns anos e resolvi reviver assistindo novamente o filme. Com uma produção esmerada, conseguiu passar toda a narrativa que o autor colocou nas paginas do livro. Excelente filme, que recomendo a todos os leitores que eventualmente lerem este texto.

Um rápido resumo do livro e do filme segue abaixo.

        A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente  simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto, sendo enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai roubar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.

Os pais adotivos de Liesel no filme 


        Vivendo num mundo de pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de paredes e tocador de acordeom. Homem amoroso,  durante o tempo que passam juntos, por várias e várias noites, lia o livro "Diário de Um Coveiro" para ela, enquanto ensinava Liesel a ler. Quando aprende a ler, se destaca na escola e passa a dedicar todo o tempo livre à literatura. Numa ocasião que o Partido Nazista reúne a população da cidade para uma queima de livros, ele consegue furtar o livro "Homem Invisível" e também com a aquiescência da mulher do prefeito da cidade, ela passa a ter acesso à biblioteca do alcaide.

Cena do filme de Liesel com seu melhor amigo.


A vida dos moradores da cidade é voltada para uma realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Liesel teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista e ajuda a família esconder no porão de sua casa um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte daquele momento vivido pelos alemães. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto. No final, seus pais, muitos de seus amigos morrem por um terrível bombardeio que dizimou totalmente a cidade e ela foi uma das poucas sobrevivente.O livro tornou-se um sucesso absoluto – fato muito raro – de crítica e publico. Recomendo ler o livro e o filme. Vale a pena.

 

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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

UMA VIAGEM QUE DUROU 220 DIAS

             

Depois da comemoração, partiu para viagens

            As festas de fim de ano haviam transcorridos dentro de muita harmonia e confraternização. Todos da família estavam bem de saúde. Durante o ano todo, fiz diversas viagens, todas com intervalo máximo de 10 dias fora e retornava para minha casa. Sempre fora assim desde que assumi a gerência comercial do Instituto de Patologia Clinica H.Pardini, da cidade de Belo Horizonte.




            Nossas férias iniciavam em meados de dezembro e iniciávamos os trabalhos na primeira segunda-feira após a passagem do Réveillon e aquele ano não foi diferente. Pensava em iniciar os trabalhos pela cidade de São Paulo, mas surgiu um problema que necessitou da minha presença na cidade de Campo Grande — MS. A previsão era uma viagem de 10 dias, como sempre fazia, mas desta vez parece que houve uma conspiração do destino e tão logo o problema de Campo Grande foi resolvido, surgiu outro em Cuiabá - MT e como já estava praticamente no meio do caminho, comuniquei a diretoria da empresa e minha família e fui para a capital do Mato Grosso, Ali cheguei ficar por quase duas semanas e tudo ficou resolvido. 

             Já estávamos em fevereiro e estava fazendo quase dois anos que não ia a Porto Velho e resolvi emendar a viagem e dali a Rio Branco no Acre. Com os festejos do Carnaval, a distância de casa, os dias foram passando e já havia chegado o mês de março. Uma viagem que devia durar 10 dias, já completara 02 meses. Quem não conhece o trecho, voltar de Porto Velho você tem que atravessar todo dois estados do Mato Grosso e no retorno, chegando a Rondonópolis, resolvi continuar viajando e dali fui a Goiânia, depois Brasília, de onde pretendia voltar. 

            Ironia a parte, a representante de Palmas, no Estado de Tocantins, adoeceu e o atendimento aos laboratórios da cidade ficou comprometido. Como eu estava relativamente próximo, cerca de 800 quilômetros, viajei para Palmas, agora disposto a fazer todo o norte do Brasil e descer pelo litoral. De Palmas fui a Imperatriz, já no Maranhão e dali até Belém. Ali fiz uma parada de uma semana e deixei o carro na casa da vendedora e fui de avião para Manaus e Boa Vista em Roraima. Com isso, comemorei meu aniversário (21 de abril) na estrada, quando fazia o percurso de volta entre Belém e São Luiz. 


Meus locais de trabalho por 30 anos;


             Já havia chegado o mês de maio e ainda tinha muita cidade para visitar, Teresina, Fortaleza, Mossoró, Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju, Salvador, Ilhéus, Vitoria, Rio de Janeiro e finalmente São Paulo. Escrevendo este artigo agora, depois de tantos anos, tudo parece um sonho, afinal, numa viagem, visitei todas as capitais do Sudeste, Centro Oeste, Norte, Nordeste, mas garanto que não foi fácil. Voltei para minha casa em meados de agosto. Uma viagem de 10 dias virou uma viagem de 220 dias após minha saída, sem voltar para casa. Rever a família foi o maior presente.

             Esta é a vida de quem escolhe o trabalho de vendas. É um trabalho gratificante, bem remunerado, mas exige uma dedicação total, e a consciência que embora a família seja importante, grandes sacrifícios também serão necessários para atender as necessidades profissionais. Mas valeu a pena cada quilometro percorrido.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Quando falta imaginação para escrever um novo texto.

        Escrever um artigo para ser publicado no Blog e ainda compartilhar com amigos e desconhecidos é necessário ter ma inspiração ou comentar sobre algum fato, ou momento vivido. Confesso que apesar de ser um bom contador de histórias, ultimamente nada vem a mente que justifique postar. É estranho e, em simultâneo, normal isto acontecer com as mentes mais brilhantes, imagine a minha, uma pessoa comum;

        Cheguei a conclusão que para escrever é preciso sentar à frente do computador e deixar as ideias saírem e passar para a tela, mesmo que as mesmas não representem nada e é isto que estou fazendo agora. No momento, na minha cidade, a temperatura subiu um pouco, mas tivemos uma madrugada gelada e com isso os sintomas de um resfriado, o que também é normal neste período do ano. Pensando nisso, ontem fui à cidade e já renovei o estoque de analgésico, antitérmicos e não sou uma pessoa hipocondríaca, mas moro num bairro rural onde não existe esta categoria de comércio.

        Ontem, meu neto, que no início de 2021 foi diagnosticado com leucemia, teve o ano inteiro de intenso tratamento num hospital  da cidade de Jaú, resolveu se mudar para esta cidade para dar sequência ao tratamento. Foi, com certeza, o ano mais difícil para ele e para a família, vê-lo lutando pela vida, submetendo a dezenas de transfusões e a drogas fortíssimas, que o debilitaram ao ponto dos 105 quilos iniciais se transformarem em 58 até que o corpo ficou pronto para receber o transplante de medula, única opção de tratamento contra esta nefasta doença. Seu pai foi o doador e felizmente tudo correu bem e agora, totalmente recuperado, resolveu ficar mais próximo do hospital, pois o tratamento preventivo ainda vai durar no mínimo dois anos. Uma luta contra a morte, que ele venceu.

        O que dizer dos demais membros da família? O que era um sonho de dois jovens de ter uma família unida, hoje, passados mais de 50 anos, constatamos os filhos e netos espalhados por várias cidades e o tempo que dedicam a nós, ficam restritos à alguma confraternização especial, ou as ligações via WhatsApp. Dá para reclamar? Não dá! É o mundo que vivemos hoje. Antigamente, tempo que parecia que não tínhamos nada comparado a hoje, tínhamos tudo, A comida era farta, o padeiro e o leiteiro deixavam pão e leite no portão das casas. Os açougues vendiam carnes embrulhada em jornal e ninguém morria por isso. Foi um tempo ótimo, onde a tecnologia era um telefone na casa de uma ou outra pessoa, que às vezes, emprestava para um uso rápido.

        Tudo era diferente, mais simples. Havia mais amizades, os vizinhos se visitavam e as tardes, era normal colocarem cadeiras na calçadas para as conversas entre famílias. Hoje isso tudo acabou. Pessoas moram em apartamentos durantes anos e nem sabem quem mora ao seu lado, nos elevadores mal se cumprimentam e a vida segue, cada um no seu espaço, cercado de gente por todos os lados e cada vez mais sozinhos.  Que fim esperar disso tudo? Como serão nossas crianças daqui a 20 anos? Só o tempo dirá.

sábado, 26 de março de 2022

O imposto de renda

            


          O ano é 2010. Depois de uma longa demanda na Justiça do Trabalho, o juiz me deu ganho de causa  e recebi um excelente valor de indenização. Convém ressaltar, ao contrário do que muitos julgam, que todo funcionário que acionar uma empresa na Justiça, não significa que ele é um mau profissional, significa que em algum momento ele foi lesado pela empresa e procura reaver o que lhe foi tirado.

            Aconteceu comigo! Por muitos anos eu trabalhava com salário fixo + comissões e a medida que as vendas iam aumentando o salário ia subindo ao ponto de ser um dos maiores da empresa e aí começou a represália. Num conchavo do Departamento de RH junto a diretoria da empresa, resolveram que a minha comissão deveria ser diminuída e assim fizeram, de 0,50% sobre o faturamento total, a mesma foi reduzida a 0,08%. Numa canetada, reduziram meu ganho em mais de 50% da noite para o dia.

            Mesmo com o corte das comissões, ainda continuei meu trabalho por alguns anos, até que um dia, sem mais explicações, fui demitido. Dez anos de trabalho e nem um adeus dos diretores, a quem servir lealmente por tantos anos.

            Quando já estava desligado da empresa, a ficha caiu! Não foi justo que o havia acontecido com meus ganhos e recorri à Justiça para consertar o mal feito e após dois anos de idas e vindas, finalmente saiu o veredicto e a empresa teve que pagar tudo que havia irado de mim.

            Etapa vencida, motivo de comemoração, mas algo inusitado aconteceu. Orientado pelo advogado, neste ano não declarei o valor recebido para a Receita Federal, pois fiquei aguardando um comunicado oficial do valor retido na fonte da Justiça do Trabalho. Nos anos seguintes, como não veio nenhuma informação, o valor acabou não sendo declarado, mas passado 05 anos, a Justiça do Trabalho, informa a Receita Federal a retenção de um valor diferente do que havia sido retido e por acaso, vi uma mensagem da Receita, informando que eu tinha uma dívida num valor muito superior ao que eu havia recebido de indenização. Como resolver isso? Visitei agências da Receita Federal por várias vezes, em diversas cidades e não consegui encontrar nenhum técnico que pudesse resolver o impasse.

            Seja o que Deus quiser — disse após mais uma visita a uma agência, com técnicos especializados em Imposto de Renda e resolvi não mais tentar resolver o assunto, mas todo ano, quando apresentava minha declaração, o valor que tinha para ser devolvido, ficava retido na Receita e isto foi por 06 anos. Finalmente, agora, consultando a restituição, recebi a notícia que os valores retidos serão disponibilizados em minha conta a partir de abril.

            Fica aqui uma lição ao menos avisados. Se tiverem alguma indenização trabalhista, declarem, pois, o tempo é ingrato e uma distração no passado vai te perturbar muito no futuro e comprometer seus bens. 

sexta-feira, 4 de março de 2022

ARMAGEDDOM

       




       Imaginem uma rocha do tamanho do Estado de São Paulo, vindo de encontro da Terra? Seria o fim da humanidade. Seria do fim de tudo. Nada sobraria, nada mesmo. É sobre a velocidade com que o tempo passa que leva tudo à sua frente como um eventual meteoro da imaginação de um diretor de um filme de ação, que nem sempre damos conta que o ontem ficou para trás e vive agora somente em nossas lembranças. 

         Como conto eventualmente momentos vividos, ontem quando liguei a televisão, após ver diversas noticias sobre a guerra entre a Rússia e Ucrânia, quis limpar a mente e resolvi assistir a um filme. Hoje, as opções são muitas e procurando aqui e ali, me deparei com um filme que vi em companhia da minha equipe de Goiânia, Soraya, Adriovaldo. 

          Fomos ao Shopping fazer algumas compras e resolvemos jantar num restaurante próximo à área de lazer. Estava naquele dia em cartaz nos cinemas do Brasil, o filme “Armagedom”, com Bruce Willis, ainda com cabelo. Isto foi em 1998. Durante a exibição do filme, com muita ação, veio a lembrança deste momento e a ficha caiu. 

Cenas do filme Armageddom


            Já haviam passados 24 anos deste encontro. Caramba! Vendo o filme, a trama de enviar um grupo de mineradores ao encontro deste enorme corpo celeste, onde apesar de todos os contratempos, o final sempre será feliz, mas a nossa vida,  o tempo passou voando.             
Meus amigos Soraya e Adriovaldo

            Não dá para mensurar tudo que aconteceu neste hiato de tempo, mas dá para imaginar quanto a humanidade mudou neste período. Assim a vida segue. Uma lembrança aqui, outra acolá, mas o que fica eternizado são os bons momentos. Aqueles amigos são inesquecíveis. Tínhamos um grande compromisso profissional com a empresa, na época o Instituto Hermes Pardini, mas também uma sintonia de amizade muito forte, que sempre que nos encontrávamos, tornava o momento magico. Eles foram grandes profissionais e maiores ainda como amigos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

 AS CERÂMICAS MARAJOARA

       


             Minha vida profissional sempre foi pautada por viagens. Cheguei a ficar quase seis meses sem voltar para minha casa e fazia isso com gosto. O ato de viajar me atraia e atraem ate hoje. Estas viagens me deram oportunidades de conhecer o Brasil por inteiro. Os lugares mais distantes, de carro, avião ou navio, em algum momento passei por lá. Ficou uma mancha no meu currículo, não conheci Fernando de Noronha. Foi frustrante, mas eu não viajava como turista e comercialmente, este lugar maravilhoso nunca fez parte dos meus roteiros. Até uma ocasião, quando estava em Natal, vi um jeito de fazer esta viagem, mas devido à falta de tempo e o custo muito alto para apenas um final de semana, abortei a ideia.     

FERNANDO DE NORONHA



         O Brasil é muito bonito, o povo é hospitaleiro, tanto no Sul, no Nordeste, no Centro Oeste, no Norte e no Sudeste, sempre fui muito bem recebido e em todos os lugares por onde passei deixei amigos. Infelizmente o tempo e a distância fazem com que estas amizades vão desaparecendo, ficando apenas as recordações de momentos vividos, mas continuam vivas. Se um dia puder voltar em qualquer lugar deste Brasil, com certeza, terei um amigo a esperar. Sinto saudades de todos, mas saudade também faz parte de nossas vidas.


JOGO DE FEIJOADA

         Eu tenho historias legais vividas em todas as regiões e cidades que visitei, mas neste artigo vou focar na cidade de Belém. E um lugar maravilhoso, povo hospitaleiro e estive nesta capital muitas vezes. A primeira vez que fui a Belém, era funcionário de uma empresa de lista telefônica e num final de semana fomos a um lugar chamado Icoaraci, um subdistrito da cidade de Belém, onde se fabrica esta obra de arte que é a cerâmica Marajoara.

   Uma loja tipica da região


         Hoje, certamente algo mudou, mas creio que a essência continua a mesma. Lojas simples, abarrotadas de vasos, pratos, panelas, tudo feito por artesões. Na época, não havia automação. Tudo que havia, por lá era feito individualmente, portanto, poderia dizer estar comprando uma peça única, pois, por algum pequeno detalhes, às vezes despercebido pelo artesão, toda obra tinha a sua singularidade. Nesta primeira viagem, eu me encantei com um jogo de vinte peças, composta por cumbucas, pratos para feijoada. Como era muito pesado transportar, eu e vários amigos, compramos e pagamos um frete para os produtos serem entregues na sede da empresa em São Paulo. Segundo o vendedor, o prazo de entrega ocorreria nos próximos vinte dias da compra.

Um dos modelos de vasos


         Seguimos viagem para Manaus, Porto Velho. Cuiabá e retornamos à São Paulo uns quarenta dias depois, ansiosos para conferir a compra feita em Belém. Decepção total! Nada havia chegado. Finalmente, após dezenas de ligações para o fornecedor e para a transportadora, a mercadoria chegou muito bem embalada. Quando cheguei em casa, foi um sucesso, todo meus vizinhos e parentes próximos queriam um jogo também e com isso acabei comprando mais alguns, desta vez, sem demora na entrega.

Outro modelo de vaso


         O tempo passou e já trabalhando no Laboratório Hermes Pardini, estava em Belém e resolvi presentear o Dr. Hermes com um conjunto de pequenas esculturas, feita pelos artesões da região e comentei com ele a beleza dos vasos que lá eram fabricados. Ele ficou encantado com a beleza dos vasos e pediu para eu comprar uns 20 vasos, todos de tamanho grande, que ele queria colocar nas filiais do Laboratório em Belo Horizonte.

Talves tenha um vaso como este num posto de coleta do Pardini


         Comprar uma peça presencialmente é uma coisa, encomendar 20 vasos imensos, era outra coisa. Logico que tive que contar com a ajuda da minha vendedora da região, a Ana Maria, que no final, coube-lhe descobrir um artesão que pudesse fazer os vasos segundo os desenhos escolhidos pelo Dr. Hermes. Varias propostas, discussão de preços, prazos de entrega e finalmente a compra foi realizada. Quando os vasos chegaram, os vasos foram distribuídos pela unidades. Recordo-me que na Unidade principal, na Rua Aimorés fora colocado duas enormes urnas, muito bonitas e quero crer que elas ainda estejam no mesmo lugar.

Muita variedade e beleza junto


         Escrever este breve artigo, me fez recordar um bom momento de minha vida, recordar com carinho da cidade de Belém, e dos amigos que lá deixei! Uma pena que o destino conspirou contra mim e meu maior prazer, que era viajar, foi interrompido em 2011, quando sofri uma queda, fraturei a perna e depois deste episódio, tudo mudou, inclusive acabei aposentado por invalidez e perdi o direito de dirigir. Hoje não posso mais fazer estas viagens, mas em pensamento, estou a todo instante abraçando meus amigos por mais distante que estejam.

 

sábado, 18 de setembro de 2021

DE VOLTA DO PASSADO

 


            Esta semana recebi esta fotografia de um amigo que não vejo à muitos anos. Mas quem são estas pessoas, que para os leitores deste artigo não representam nada, mas são pessoas importantes que fizeram parte da minha formação. São amigos e professores do Colégio Estadual Jesuíno de Arruda, da cidade de São Carlos, onde cursei ginasial e colegial.

Fachada do Colégio Jesuíno de Arruda


              Olhando atentamente para a foto, vem na memória imagens nítidas de uma fase de minha vida, vivida entre 1964 e 1970  e este período foi ao lado destas pessoas e de outras, tão importantes quanto, que infelizmente não aparecem nesta imagem.

            Hoje, transcorridos mais de 50 deste dia, fico me perguntando quais os caminhos que cada um seguiu, quantos ainda estão por aqui e quantos já partiram? Mas lembrança é para contar, mesmo que ninguém possa se interessar, mas sinto que devo prestar esta homenagem e vou fazer contando um pouco de cada personagem, da esquerda para a direita.

                O primeiro era o diretor da escola, professor Rocha, Rochinha como era chamado. Todos os alunos o temiam e quando um professor encaminhava o aluno para conversar com era um tormento. Ele era duro, mas sempre leal e buscava sempre ajudar o aluno.

Escola Alvaro Guião - onde houve a cerimônia 


                Uma ocasião, causei-lhe uma grande decepção. Eu havia sido um dos vencedores da Olimpíada de Matemática da cidade em 1967 e a cerimônia de premiação dos alunos vencedores foi no anfiteatro da Escola Normal Dr. Alvaro Guião, que se encontrava lotado. Eu era o único aluno do Jesuíno de Arruda homenageado. Como não recebi nenhuma instrução que deveria  ir à cerimônia uniformizado, eu coloquei uma camisa amarela, bem chamativa, que devia ser moda na época e era o único dos homenageados que não estava com uniforme escolar. Quando me chamaram para receber meu troféu, o professor Rocha foi chamado para fazer a entrega, ele ficou ruborizado ao me ver vestido com aquela camisa. Na semana seguinte fui chamado para conversar sobre o ocorrido e levei a maior bronca e para acalmar um pouco a situação eu deixei o troféu na diretoria da escola, mas fiquei com o cheque que recebi. Foi uma grande vitória pessoal e para o colégio. Grande diretor.

                Na foto, um pouco acima, de gravata, um aluno, de nome Mairton, que além de ser um ótimo aluno, se destacava como músico e era quem tocava pistom na fanfarra da escola. Ao lado dele, o amigo que me encaminhou a foto, o Delfino, que embora não estudasse no colégio, era amigo de todos e frequentava a escola em todas as atividades, sendo inclusive ator numa peça de teatro que escrevi em certa ocasião para homenagear os professores. Hoje é empresário no ramo de estacionamento.

Ao lado dele, um aluno talentoso, Carlos Alberto Simone, que  seguiu a carreira acadêmica e hoje é Doutor em Física e é um pesquisador da USP, com grande sucesso na carreira.  A sua frente o Leopoldo, um aluno muito inteligente, que assumiu a diretoria de uma Unidade do SESC. No alto da foto, de paletó preto, é o Mauro, uma pessoa maravilhosa, que infelizmente perdi o contato, mas soube que ele era capitão do exército. Quando escrevi a minha peça “O Pequeno Burguês”, ele foi o personagem principal, bem como a minha querida amiga Yolete, a frente e ao lado do diretor, que além de compartilhar comigo por muitos anos a mesma sala de aula, deu um “show” de interpretação quando da apresentação da peça.

                 A memória falha ao identificar algumas pessoas da foto, mas recordo momentos vividos com todos. Impossível esquecer meus 03 grandes professores que aparecem na imagem; à frente, a professora Marilene Longhim, grande mestre, ensinava física e química e teve morte precoce, vitima de um câncer. No alto, a esquerda, minha querida professora de Desenho, Astir Jorge. Craque na arte e ensinar e como a matéria dela era muito difícil, ela tinha um bordão que usava sempre — “Não deixem tudo para o último dia, pois quem não consegue comer um saco de arroz durante o ano, não vai conseguir comer num só dia”. Nunca tive notícias dela.

                À esquerda da foto, meu grande ídolo: o professor Carlos Gomes e sua esposa. Foi com ele que aprendi Matemática e foi ele quem me incentivou a participar da Olimpíada de Matemática, da qual fui um dos vencedores. Ainda tenho que destacar nesta imagem o meu grande amigo Luis Carlos Bruno, amizade fiel que permanece intacta até agora. Uma das mentes mais brilhantes da nossa escola, teve ao longo da vida grandes desafios e venceu a todos com talento e muito empenho e hoje é um empresário de sucesso.

                Bem, muitos não foram citados, mas fica aqui a minha homenagem a todos. Quero cometar que durante o texto falo em peça de teatro. Bem, certa ocasião, durante uma aula de português, eu ainda com 14 anos, quando a professora Célia de Santis, disse que os alunos deveriam sugerir ideias para a festa do Dia dos Professores, eu prontamente me prontifiquei a fazer uma peça de teatro. Ela concordou de imediato e depois disso e fui dar conta que eu não sabia nada de teatro. O que eu sabia era o que via em peças encenadas em circos  e com este “farto” conhecimento, eu ouvindo de um amigo que fora assistir ao filme "Ao Mestre com Carinho”, grande sucesso na época, me inspirou a escrever uma história com um enrendo semelhante e com muito amadorismo e força de vontade, conseguimos apresentar a peça que foi muito aplaudida e rendeu uma nota 10 na matéria de português.

Minhas inspirações para escrever as peças


              Tempos depois, embalado pela empolgação do sucesso, escrevi outra peça, baseada na música “O Pequeno Burgues”, de Martinho da Vila, montada e apresentada no teatro da escola, tendo com atores os alunos da minha classe. Muitas saudades destes momentos.

Que todos estejam bem!