Meus amigos Roberto Machado e Jussara Borba da cidade de Pelotas - RS |
Quatro
semanas! Este é o tempo que precisei para ter uma nova inspiração. O que devia
escrever na sequencia? Falar do Rio de Janeiro, de São Paulo? De Goiânia,
Brasilia? Em qualquer lugar destes com certeza sairia uma boa historia, mas
quero neste e nos próximos capitulo, contar sobre a região sul do Brasil, sobre
sua gente, seus costumes, seus principais pontos turísticos, sua culinária e
também sobre meus amigos, que não vejo a muitos anos.
Por
muitos anos, desde o tempo que era funcionário da LTN, sentia-me atraido pelo
sul do país, pela sua cultura, pela sua beleza natural e esta paixão foi se
consolidando com a mudança de empregos, primeiramente na Wama e depois no
Pardini. Sempre tive no sul as grandes lembranças e as que constam deste artigo
foram vividas com muita emoção.
Meu
primeiro contato com a região volta ao período de 1984, quando fui contratado
pela LTN. A primeira viagem foi a Porto Alegre e é de lá que iniciarei este
capitulo.
RIO GRANDE DO SUL
Já
contei em capítulos anteriores como foi minha primeira viagem à Porto Alegre,
quando em companhia da Ângela Guerreiro,
Soeli e Ruz, fizemos desta a aventura numero 01 de nossas vidas, pois além de
estar na estrada por terras estranhas para nós, estavamos entrando numa nova
era de nossas vidas, que foi bom para mim e também para meus amigos.
De
volta aos anos 90, já no Pardini, após contratação da Jacira para trabalhar em
Porto Alegre e região, comecei a desbravar o estado e uma das paradas foi a
cidade de Pelotas, região que me ofereceu oportunidade de conhecer dois grandes
vendedores e dois grandes amigos: Roberto Machado e Jussara Borba.
Pelotas,
para quem nunca teve oportunidade de conhecer, é uma bela cidade, localizada ao sul do estado e a lembrança que guardo do lugar são as praças e os doces
caseiros. O melhor doce de banana que encontrei nas minhas viagens.
Quando
cheguei a primeira vez em Pelotas, o objetivo era sempre o mesmo, encontrar uma
pessoa para ser a representante na região e desta vez quis o destino que eu
conversasse com um taxista e ele disse que conhecia um rapaz muito bom, que talvez eu pudesse aproveitar. Dei o endereço
onde estava hospedado e o no final do dia apareceu no hotel para conversar
comigo, um rapazinho, ainda com cara de guri, mas muito simpático, alegre e
resolvi apostar nele. Roberto Machado, é o nome deste personagem. Apaixonado
por motocross, era mecânico de automóveis até então e arranhava no castelhano.
Trabalhei com ele alguns dias, visitei sua família e disse que na próxima
viagem que eu fizesse à região, iria dar um pulo para conhecer Montevidéu e ele
iria comigo.
Passaram
entre o primeiro contato e o meu retorno à Pelotas uns 06 meses e após visitar
todos os clientes da cidade e também de Rio Grande, eu decidi, após conversar
com a empresa, que iria visitar a capital do Uruguai, com o pensamento de
colocar ali uma frente avançada. Com as bençãos da diretoria, comprei passagens
de ônibus e partimos por volta de 22 horas para um viagem de 587 quilometros.
Durou a noite toda. Chegamos a Montevideo pela manhã e ai começou o primeiro
problema: o frio.
Creio
que todo viajante tem em sua mala de viagens, roupas adequadas para toda as as
estações, o que eu tinha também, mas não estava preparado para enfrentar ventos
vindo do mar, que deixavam a temperatura na casa dos 2º. Sensação horrível. As
roupas que eu tinha comigo não davam a devida proteção e creio que se tivesse
alguma fotografia deste momento, seria cômica, pois saia do hotel vestido com
várias camisas, uma sobre as outras, blusas e paletós, e mesmo assim, era muito
difícil caminhar nas ruas da capital uruguaia, principalmente a noite.
Ficamos
hospedados num hotel próximo a rodoviária e o detalhe que recordo foi o sistema
de água quente do chuveiro. Era uma caixa, com um certa quantidade de água, com
um ponteiro, que indicava o nível da d’água. Aquilo era tudo. Se acabasse, não
teria mais. Além do frio e do chuveiro, me recordo de como eram os táxis da
cidade. Todos da mesma cor, preto e amarelo, que lembravam muito a camisa de
futebol do Peñarol e com o motorista, separado por uma cabine, dentro do carro,
que o isolava de contato com o passageiro. Segundo um taxista, o sistema foi
criado para proteger os motoristas de assalto. Era uma idéia de vanguarda, na
epoca. Hoje, se ainda existir, deveria ser copiado pelos taxistas do Brasil.
É
engraçado estar num pais que não é o seu. Tudo parece igual, mas tudo é
diferente. Quando visitava um laboratório, o Roberto com seu castelhano meia
boca, ia traduzindo o que eu falava e assim visitamos todos os laboratórios
da cidade e ficamos com uma ótima
impressão, que se tivéssemos um posto de trabalho por ali, teríamos muito
sucesso, mas não foi possível, devido a legislação brasileira, muito
burocrática, que não permitia a liberação imediata de amostras de sangue, que
era a condição única para o projeto funcionar e com isso, o plano “URUGUAI”
ficou resumido apenas a esta viagem.
Trago
comigo boas lembranças de Montevideo. As avenidas largas e limpas, as praças
com monumentos brilhando, o mar praticamente no centro da cidade e um povo
muito hospitaleiro. O engraçado é que quando eu queria conversar com alguém e
que o Roberto não estava comigo, eu começava a falar alto, devagar, dando
impressão que quem estava conversando comigo devia ser surdo.
Ficamos
em Montevideo por 03 dias e depois fomos até Punta del Leste, para conhecer a
cidade, visitar os parentes do Roberto e ir ao famoso cassino Hotel Conrad
Punta Del Leste. Era a primeira vez que eu entrava em um cassino e fiquei
encantado e impressionado com beleza do lugar. Era um mundo novo para mim, que
como bom caipira, olhava aquelas maquinas com certa desconfiança, morrendo de
vontade de fazer alguma aposta, de ganhar um bom dinheiro, mas também, por
falta de conhecimento, perder um dinheiro que iria fazer falta. Então resumi
minha ida a um cassino apenas a uma visita.
A
cidade de Punta del Leste me ficou na lembrança, não somente pelo cassino, mas
pelo sistema de construção, onde a maioria das casas tem a cobertura reta, sem
o tradicional V invertido das casas brasileiras. Também o numero de arvores
plantadas era muito grande. Creio que vista de cima, em um avião, não dará a
quem estiver olhando a ideia da pujança da cidade, visto que a mesma e todo
construída em meio às arvores. Lá, também, recordo ter muito automóvel Mercedes
Benz, que era raro na epoca, movido a óleo diesel. Inclusive o parente do
Roberto foi nos buscar na rodoviária de Punta del Leste usando um carro deste,
super conservado, ano 1972.
O que
dizer do Cabo de Punta Del Leste. De um lado o Oceano Atlântico, com seu vento
soprando sem parar o vento gelado do Polo sul, lá conhecido com Costa Brava e
do outro a Costa Mansa, onde uma grande baia, torna as águas do Atlântico
doceis e sem ondas, uma enorme piscina. A noite voltamos para Pelotas. Foram
poucos dias, mas muito intensos. Aproveitamos todo o tempo que foi
possível. Conhecemos vários lugares e
pessoas. Valeu muito a viagem por isso tudo.
Tempos
depois, diria, anos depois, o Roberto deixou a empresa e a Jacira, na epoca já
supervisora do Rio Grande do Sul, contratou para seu lugar uma linda mulher de
nome Jussara Borba, que tive oportunidade de vir conhece-la em uma reunião que
fiz com o pessoal do sul, na cidade de Porto Alegre. Hoje, ela mora em uma
cidade dos Estados Unidos, próxima a região de Miami e vive com os filhos, um
deles, na epoca, era jogador de basquete e por não saber mais detalhes, fico
somente com a informação que tinha da epoca. Tivemos uma pequena convivência,
mas ficou uma frase carinhosa, que até hoje ela ainda usa quando fala comigo,
via internet, quando me chama de “meu diretor”. embora, nunca, na realidade
tenha sido. Sempre exerci o cargo de gerente de vendas.
No
próximo capitulo contarei um pouco sobre as regiões de Gramado, Santo Angelo,
Santa Maria e Passo Fundo.
Continua.