Pois é, virou moda! Agora tatuagem esta na crista da onda e as empresas
especializadas estão cada vez se esmerando mais na qualidade e no bom gosto dos
trabalhos e o numero de adeptos cresce vertiginosamente a cada dia.
Nem sempre foi assim, voltando a meu tempo de infância, isto à mais de
60 anos, quem usava tatuagem era considerado marginal pelos meus próximos, mas
era bonito de ver, através do olhar de um menino de 08 anos. Tinhamos um vizinho
de rua que já havia sido preso e tinha nos braços tatuagem de rosto de mulher,
uma cruz e algumas palavras. Estas tatuagem, contavam que ele havia feito na
prisão, daí a ideia que tudo mundo que usava tatuagem era marginal e cresci,
não os vendo como marginais, mas como pessoas diferentes, homens fortes,
corajosos, pois fazer uma tatuagem doía muito, diziam. Certa epoca, resolvemos
num grupo de garotos fazer tatuagem com o caroço do caju. Ficamos que uma
queimadura no braço que demorou muito tempo para desaparecer Ainda não havia
televisão para ver os filmes do Marinheiro Popeye e com isso, não tinha
referencia.
Não recordo de ter visto nunca uma mulher usando tatuagem, mas como meu
mundo era muito pequeno, é possível que já havia em algum lugar, mulheres de
vanguarda, que já ostentavam algum tipo de tatuagem. As mulheres sempre foram
valentes em enfrentar os desafios que a sociedade impunha. Veja quando
quebraram o tabu de usar na praia o maio de duas peças, o surgimento do biquíni,
a cena celebre da atriz Leila Diniz, gravida, usando biquíni na Praia de
Copacabana. Era a noticia de primeira pagina da epoca.
O tempo passou e lentamente, aquelas tatuagens usadas principalmente
pelos marinheiros, com uma ancora no braço, uma imagem de santo no outro, uma
cruz, e outros símbolos, foram sendo substituídas por verdadeiras obras de
artes e porque não dizer algumas aberrações.
Será que esta é uma moda que vai passar? No meu tempo de Jovem Guarda,
era normal usar cabelos compridos como Ronnie Von, calças boca de sino, camisas com lapela e
hoje é impensável usar uma roupa assim. Simplesmente a moda acabou, como acabou
centenas de outras modas que surgiram, tiveram seu tempo e desapareceram.
Lá pelos idos de 1960, para entrar num cinema, era necessário, mesmo
ainda garoto, usar gravata, ou não entrava. Hoje, praticamente nem cinema
existe mais, com exceção dos instalados em shopping center. Raros são os cinemas que funcionam ainda nas
cidades, devagar foram sendo substituídos pelos programas de televisão, que a
cada ano ficava mais forte e atraente e o mundo foi evoluindo e se modificando
muito rapidamente. As grandes orquestras que abrilhantavam os bailes de
antigamente, hoje são substituídos por um DJ cheio de aparelhos eletrônicos. Mais
uma moda que passou. Hoje, com a chegada da Internet e dos celulares, o mundo mudou
de novo. O que esperar do futuro?
Fumar era chic. Ninguém prestava atenção se fazia bem ou mal à saúde, o
importante era fumar, os cigarros que
faziam sucesso na epoca era o Minister, Hollywood, Continental, Macedônia (cigarro sem filtro) e hoje, creio que nem estas marcas existem mais e o habito
de fumar ficou limitado a lugares abertos. O que era chic virou brega.
O tempo corroí as lembranças e a moda vai sendo substituída por outra,
por outra e mais outra e agora é a vez das tatuagens? Será que ela vai resistir
ao tempo? Será que daqui a 20 ou 30 anos ela fará o mesmo sucesso de hoje? Difícil imaginar, pois tudo muda.Talvez a medicina já esteja pesquisando alguma pilula
do arrependimento, pois se um dia a moda acabar, vai restar uma droga para
apagar os sinais da moda atual.
Quem viver verá, mas por enquanto, vale a pena
curtir os lindos trabalhos que estas pessoas corajosas, permitem que façam em
seus corpos.
Otimo escrito meu amigo! viajei no tempo atraves do seu texto. Aqui onde eu moro quase nao vimos pessoas tatuadas e eh considerado brega e marginaal, pelo menos pelos belgas que eu conheco e tenho relacao de amizade :-)
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