quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A PANDEMIA E A DEPRESSÃO

Estado de depressão - Um perigo silencioso que pode matar

Tenho pensado muito neste assunto nos últimos dias. Desde o mês de março quando ficou oficializado que o mundo vivia uma pandemia causada pelo Coronavírus COVID-19, o desencontro de informações foi constante. O que podia ontem não pode hoje e talvez amanhã possa poder novamente. Foram tantas ordens e contraordens que hoje fica a pergunta: que estava certo? O que podemos afirmar com toda certeza que o final da historia, com certeza será marcado como uma das maiores tragédias da humanidade, com milhares de pessoas mortas, milhares de famílias destruídas, empresas falidas, trabalhadores desempregados e a economia em declínio.

 A quem culpar? Não creio que chegaremos a um consenso de apontar um culpado, mas podemos afirmar que esta pandemia desencadeou outra doença, esta tão silenciosa como o Covid 19, que é a depressão. A depressão já uma velha conhecida da humanidade, já levou milhares de pessoas à morte e infelizmente ainda continuará levando e como podemos classificar a depressão e saber mais sobre ela. 

Embora seja apenas um curioso, procurei pesquisar o tema e neste artigo, pretendo esclarecer alguns tópicos, mas numa linguagem simples, sem termos científicos, apenas mostrar o quanto grave é esta doença e como ela esta tão próxima do nosso cotidiano. A depressão é uma das principais doenças desta época em que vivemos, e atinge pessoas de todas as idades, classes sociais e estilo de vida. Apesar de muito mais conhecida atualmente, ainda é muito comum que pessoas não levam a sério quadros depressivos, que podem se agravar sem o cuidado necessário. Muitas vezes ela se manifesta por algum fator especifico na vida da pessoa, como uma crise financeira, perda de um emprego, ou perda de um ente querido. Hoje, com o advento da pandemia, estas têm sido as principais causas de depressão. Elas podem começar a se manifestar de uma forma branda, como oscilações de humor, de sono, de falta de entusiasmo para realizar atividades do dia a dia, como exercitar ou mesmo cozinhar. Mas também podem se manifestar pela perda de apetite, falta de energia, falta de concentração, pensamentos e sensações muito negativos. 

A depressão é uma ‘permanente’, imutável e longa tristeza. A tristeza da depressão não termina, ela é constante. É a sensação de estar sempre ‘para baixo’ explica o psicólogo Alexander Bez. Uma pessoa em estado de depressão avançada, perde toda a vontade de viver e produzir, como se a doença sugasse todas as energias e vontade, levando a pessoa a um estado de privação total, com postura de isolamento social, onde o individuo vai se afastando de tudo e de todos. Em resumo, a pessoa perde literalmente o interesse pela vida e daí para o suicídio é um pequeno passo. 

Cena do filme Beleza Oculta

Esta semana, a propósito do tema que estou escrevendo, vi o filme Beleza Oculta, que discorre de uma maneira brilhante o quanto um processo de depressão pode afetar uma pessoa. O filme conta a historia de Howard, personagem do Will Smith que entra em depressão após a morte de sua filha. Howard é dono de uma agencia de publicidade junto com mais três sócios, Claire (Kate Winslet), Simon (Michael Peña) e Whit (Edward Norton). Foram dois anos difíceis, Howard se afasta de agencia e de seus amigos, não vê mais sentido na vida, nada mais tem importância, existe uma falta de iniciativa, está apático e imerso no vazio depressivo. A depressão na perspectiva psicanalítica freudiana é o resultado de um processo psíquico de natureza tópica, dinâmica e econômica, cujos elementos variam de conformidade com a estrutura psíquica a que o fenômeno depressivo pertence. Quando a agencia já não tem o mesmo ritmo, os sócios fazem de tudo para manter a agencia funcionando, mas tudo parece afundar com a falta do sócio principal, ao ponto deles chegarem a conclusão que o melhor é vender a empresa e fazer um plano para trazer Howard de volta a vida. Howard, imerso no seu mundo, começa a escrever cartas para o Amor, a Morte e o Tempo culpando-os pela morte de sua filha. O amor, embora estivesse presente em sua filha, na sua voz, no seu sorriso, nas brincadeiras, não foi suficiente para mantê-la vida e com ele. O tempo, sempre tão presente e supostamente duradouro, não permitiu que ela pudesse aproveita-lo. A morte foi cruel, afastando - o definitivamente de sua filha. 

No filme, os sócios contratam um detetive que o segue e consegue recuperar as cartas e de posse delas, eles contratam três atores de teatro para interpretarem o personagem AMOR, MORTE E TEMPO, e numa trama sensacional do roteirista e do diretor do filme, eles conseguem resgatar o personagem Howard de volta a vida. A beleza do filme é que mostra que a individualidade de cada sócio, cada um tinha um problema muito sério, que também os deixavam deprimidos. O que tudo que escrevi acima tem a ver com a pandemia que estamos vivendo? Tudo. Já imaginaram o estado de depressão que se encontra um pai que não consegue ganhar para comprar comida para os filhos, a mulher que não pode trabalhar, pois não tem como deixar os filhos numa creche, a família que perdeu entes queridos de forma repentina fruta de uma doença que surgiu há poucos meses e ceifou a vida de milhões de pessoas em todo mundo e infelizmente, ainda continua. Como no filme, onde o ator principal cedeu aos sentimentos de frustração, apatia, falta de sentido na vida, o tédio, mas contou com ajuda dos amigos para conseguir voltar a vida. É importante nestas situações contar com uma rede de apoio de pessoas próximas que possam mostrar o lado positivo da vida, ajudando a sair do estado depressivo que se encontra. 

Claro que a depressão exige acompanhamento médico, mas outros tratamentos alternativos também contribuem para a melhora da pessoa deprimida. Na pandemia da Covid-19, entre outras coisas, dois fatos foram constatados: o aumento de doenças emocionais e da procura por musica para se distrair, pois ouvir musica ajuda se sentirem melhores. Os benefícios da música para a saúde mental são inúmeros. “Dependendo do ritmo, a pessoa consegue equilibrar as sensações provocadas pelo descontrole que o estresse, a depressão e a ansiedade causam. A música realinha as ondas cerebrais. Isto quer dizer que, mesmo que haja algum descontrole emocional momentâneo, a música puxa para ela a frequência das ondas, elevando a experiência do ritmo ressoado e, por consequência, instala a resposta comportamental organizada.
 
Musica - Um dos melhore remédios para combater a depressão

A música é a melhor companhia que podemos ter. Ela promove equilíbrio, acalma ou agita, proporciona bem-estar, traz harmonia, mexe com nosso corpo e mente; pode ajudar a concentração ou nos distrair. Nunca em um ambiente com música você se sentirá sozinho, então, se solte, dance, cante e, com certeza, a solidão ficará um pouco mais distante. A música preenche tanto o vazio do ambiente quanto o interno.” Explica Anaclaudia Zani Ramos, psicóloga e neurocientista criadora do método InLuc, e pesquisadora na área de Neurociência e Desenvolvimento Humano. 

Portanto, mesmo diante de tantos fatos que vem acontecendo, dê amor a sua vida. Procure ajuda logo que sentir que alguma coisa mudou e não se envergonhe em pedir ajuda. A depressão é uma doença, diria até que é uma doença social e para cura-la, é indispensável ter apoio da família, dos amigos e de grupos especializados, alem de acompanhamento médico. Não perca esta luta para esta doença. Ela já causou muito estrago em milhares de famílias. Poupe a sua!