Um dos lugares mais bonitos do Brasil
Alter
do Chão. Nome estranho num primeiro momento. Muitos talvez nunca ouviram este
nome, mas se trata de um dos lugares mais bonitos do Brasil. Observem a
definição encontrada sobre este lugar, através do (Wikipédia):
Alter do Chão é um dos distritos administrativo do município de Santarém, no Estado do Pará. Localizado na margem direito do Rio Tapajós, dista do centro da cidade cerca de 30 quilômetros. É o principal ponto turístico da região, pois abriga a mais bonita praia de água doce do mundo. É considerado o Caribe Brasileiro.
Para fechar o espaço da região amazônica, tinha mais um desafio pela frente. A cidade de Santarém. Localizada no meio da Selva Amazônica, a 1000 quilômetros de distância de Manaus e a 1000 de Belém, é uma cidade moderna, com um bom aeroporto e o melhor porto fluvial do Brasil. Localizada na confluência dos Rios Tapajós e Amazonas, esta cidade conta com uma população superior a 250.000 habitantes. Ali, na época que lá estive, é um ponto de comércio de todas as cidades ribeirinhas. Diariamente, centenas de pessoas chegam e partem de inúmeros barcos trazendo e levando mercadorias, pessoas, medicamentos. É impressionante o movimento que existe no Porto de Santarém. A cidade também foi um importante local para o comércio do ouro. Ainda existia na época muitas lojas de comércio de compra e venda deste metal precioso.
Meu negócio era laboratório de análises clinicas e eu estava lá para criar uma frente de trabalho para atender a região e o objetivo era o mesmo de outros lugares encontrar e treinar uma pessoa para cuidar das tarefas de venda, coleta e transporte das amostras até a companhia aérea e fazer o despacho do material coletado para Belo Horizonte.
Como a cidade é pequena comparada com as capitais, não acreditava que teria dificuldades em conseguir realizar meu trabalho em poucos dias, mas a realidade mostrou-se diferente. Após visitar a maioria dos laboratórios, foi me apresentado uma série de candidatos, mas nenhum deles atendei o que a vaga precisava. Surgiu um candidato muito simpático, que pareceu ser a escolha certa. Embora fosse uma pessoa muito educada, atenciosa, se revelou disperso a partir do segundo dia que eu o havia conhecido e acabei desistindo de contrata-lo.
Já havia feito a promessa aos laboratórios que iria iniciar as coletas e ainda não tinha o candidato certo. Para não quebrar o combinado, fiquei uns dias fazendo este trabalho e numa manhã, apareceu no hotel que eu estava hospedado um rapaz encaminhado pelo SINE, que atendia todos os requisitos que eu estava procurando. Estava desempregado. Tinha uma família que dependia dele, era falante, simpático, mas havia um contratempo: ele não tinha carro, mas tinha moto. Resolvi contrariar a recomendação da empresa e contratei ele assim mesmo, pois naquele momento, a ordem era contratar somente quem tivesse carro para realizar as coletas. Eu fechei com ele um valor menor que eu pagava para os vendedores que utilizavam carro e a combinação foi feita com aceitação mútua. Estava contratado o Jackson.Navios que são usados na região
Este vendedor foi uma grande surpresa. Além de realizar um excelente trabalho onde conseguiu conquistar todos os laboratórios da região, duas vezes por mês fazia coleta em Óbidos e Oriximiná, cidades distantes de Santarém, que só era possível chegar através do Rio Amazonas. Uma viagem que durava a noite toda. Durante o dia, fazia as coletas e voltava a noite, chegando a Santarém na manhã do dia seguinte. Fez este trabalho por mais de 03 anos e como os barcos da região são pequenos e oferecem pouco ou nenhum conforto, a única maneira de descansar é dormindo em rede Tempos depois, já bem ambientado ao trabalho, Jackson enviava para Belo Horizonte enormes peixes, como tambaqui, tucunaré e na oficina de manutenção da empresa, o Elias, que era o "faz tudo da empresa", também usava seus dotes culinários para preparar os peixes na brasa, acontecimento que reunia dezenas de funcionários, tanto da minha equipe como de outros setores e a festa rolava por várias horas, regadas a muita cerveja, bom papo e muitos elogios ao trabalho do cozinheiro. Dr. Hermes participava sempre destas reuniões e dele tenho saudades. Do resto não! De Belo Horizonte ficou a lembrança de alguns funcionários que trabalharam diretamente comigo, mas no mais, já foi para o arquivo morto. Como diz a música de Paulinho da Viola: "foi um rio que passou em minha vida "
Quando chegava peixe da região era uma grande festa em BH
Voltando a Santarém, era muito gostoso caminhar a tarde pelo calçadão que margeia o Rio Tapajós, literalmente um mar de água verde, que vai se encontrar logo mais à frente com o barrento Rio Amazonas e neste encontro também acontece o fenômeno da separação das cores da água. Por um longo trecho, a água verde do Tapajós não se mistura com as do Amazonas.
Outra visão das ilhas de areia
Um sábado, estava um dia muito quente, o Jackson me convidou para ir conhecer um lugar chamado Alter do Chão. Ele dizia ser um lugar muito bonito. Concordei e bem de manha fomos para lá. Uma meia hora de viagem chegamos numa pequena vila e lá é sem dúvida um dos lugares mais bonitos do Brasil. Quando o Rio Tapajós esta na vazante (baixo) formam diversas ilhas de areai branca como açúcar refinado. Nestas ilhas, parece que existe um acordo dos moradores com o rio, elas se formam a uns 150 metros da vila e para chegar nas ilhas precisa contratar os serviços dos canoeiros, que se valem deste período para ganhar um pouco mais dos turistas.
Meu amigo Jackson e sua esposa Claudia
É um lugar fantástico. Se não fosse tão longe e tão caro chegar, tenho certeza que seria um dos pontos turísticos mais visitados do Brasil. Vale a pena conhecer. O Jackson continuou seu trabalho mesmo após minha saída, mas quando a gerência foi trocada, ele foi demitido e se mudou para Manaus indo trabalhar com reciclagem. Mantém até hoje contato frequente comigo e a cerca de 05 anos atrás, se mudou com a família para Portugal e esta vivendo muito bem por lá. Um grande amigo, ao qual tenho muito carinho e gratidão.
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