sexta-feira, 16 de julho de 2021

O MAIOR DESAFIO

 

Rogério - Um super vendedor da Equipe de São Paulo

        Quando você tem um cargo de chefia, seu cargo é colocado a prova todo dia. A cada dia surge um novo desafio, e eles acabam se tornando rotina na vida de quem tem o dever de comandar. O que vou contar neste artigo posso dizer que foi meu maior desafio, de todos que tive que enfrentar à frente da equipe de vendas do Instituto Hermes Pardini.

Estavamos em processo de expansão. Já tinhamos criado algumas frentes de trabalho em outras regiões do Brasil, mas agora a missão era a cidade de São Paulo. Eu já conhecia bem esta metropole, mas conhecer a maior cidade do Pais é utopia. Não exisitia na epoca os aplicativos de hoje, o recurso do GPS, era tudo no – por favor, conhecer a rua tal? Muitas vezes a informação era correta outras não, mas no final, dava-se um jeito de chegar ao destino, mas este era o problema menor. Precisava contratar uma equipe para representar a empresa e não tinha nenhuma idéia de como faze-lo.

Pensei em colocar um anuncio no jornal Estadão, mas lembrei do sufoco que passei em Recife quando fiz a seleção de dois funcionários para o Laboratório Lid e não queria correr este risco novamente. Tinha também outro problema. Eu estava hospedado num hotel proximo a Avenida São João e no local não havia espaço para entrevistar possiveis candidatos. Os clientes que tinhamos em São Paulo eram poucos e eu ainda não conhecia nenhum, portanto, uma possivel indicação por parte deles também descartei.

Que me ajudou, por mais estranho que possa parecer, foi meu amigo Manoel, morador da cidade de Fortaleza. Ele tinha um amigo, de nome João Paulo, que era vendedor e no momento estava desempregado e que poderia ser uma otima contratação. Ele me passou o telefone do amigo e liguei marcando uma reunião no hotel que eu estava hospedado e na conversa, ele disse que tinha um amigo que também era vendedor e que poderia vir para a entrevista. Concordei e marcamos o dia e horario.

No dia marcado, o João Paulo e seu amigo de nome Gledson, chegaram no hotel, um pouco antes da hora marcada e ainda estava no apartamento e como era uma conversa informal, pedi para que subissem até o apartamento, onde os entrevistaria. Eu estava bem a vontade, de chinelo, camiseta e bermuda, enquanto eles estavam vestidos com um esporte fino.

Após a conversa de praxe, nenhum dos dois atendia os requisitos minimos para serem contratados. Os dois trabalhavam na área de transporte, mas ambos eram articulados com perfil de vendas e como o tempo não estava a meu favor, resolvi apostar nos dois. Uma pequena parte do problema estava resolvida, mas enquanto eles providenciavam a documentação para serem admitidos, ainda tinha que arrumar uma sala para ser o escritorio da empresa e contratar uma secretária.   

Na época que estava começando o trabalho na cidade de São Paulo, o projeto também previa atender a Baixada Santista e o Vale do Paraiba, além das cidades que formam a Grande São Paulo. Seria necessário ter uma equipe bem maior para atender toda região. Enquanto procurava um sala para escritório e os dois escolhidos arrumavam os documentos, tinha que conseguir contratar uma secretária e uma vez alugada a sala, comprar os moveis. Dias depois, consegui alugar uma sala num prédio comercial localizado na Rua Maestro Cardim, uma rua paralela à 23 de Maio. A escolha se deu devido a facilidade de embarcar o material para Belo Horizonte no final do dia e o local era proximo do Aeroporto de Congonhas.

Equipe São Paulo junto com o Dr. Hermes Pardini


A secretária contratada foi a Silmara, uma ex-funcionária do Laboratório Rhesus, que tempos contratei mais funcionários desta empresa, como a Rogério, Perla, Claudia, mas isto detalho mais à frente. Com o escritório montado, escalei o Gledson para atuar no Vale do Paraiba, onde já tinhamos uma certa quantidade de clientes e os clientes de São Paulo eu passei a visitar com o João Paulo, mas ao final de  20 dias, ele pede demissão e por indicação foi contratado o Marcos Hirano, um vendedor que já tinha alguma experiencia em laboratório, que ficou na empresa por uns meses, mas acabou não dando certo e saiu quando mudamos para a rua Monte Serrat. Neste interim foram contratados mais 0e vendedores: Levi, Wilson e Mariangela e para o lugar do Hirano veio o Rogério.

O Levi era um vendedor mediano e ficou trabalhando clientes de São Paulo e de vez em quando fazia revezamente com o Gledson nas coletas do Vale do Paraiba. O Wilson, o outro vendedor contratado, não tinha a menor experiência na área de laboratório e vinha da área de produtos alimenticios, mas era muito aplicado e destinei a ele a região da Baixada Santista e a Mariângela ficou encarregada de atender os clientes da cidade de São Paulo, o que fez com muita qualidade.

A primeira parte do desafio estava pronta, mas dada ao tamanho da área a ser atendida e do grande numero de laboratórios, os vendedores já não tinham tempo para coletar as amostras e ao mesmo tempo visitar novos clientes e com isso a venda ficou paralisada. A solução era contratar uma equipe de coletadores para liberar os vendedores. Havia um receio em contratar motoqueiros e optamos no inicio para trabalhar com 02 motoristas dirigindo peruas Fiorino, o que mostrou ser uma ideia inadequada para a cidade e optamos então por contratar 02 motoqueiros, para atender a cidade de São Paulo e um motorista ficou atendendo a Baixada Santista e outro o Vale do Paraiba.

Nosso segundo escritorio na Vila Formosa


Com este acerto, a situação ficou normalizada e a produção começou a crescer, mas estava surgindo um impecilho que era o embarque das mercadorias. O horario de embarque no Aeroporto de Congonhas estava muito apertado e tinhamos que embarcar as mercadorias em Cumbica, que ficava muito longe de onde estava o nosso escritorio. A solução era mudar para mais perto de Cumbica e saiamos a campo para procurar um local para ser o novo escritorio e o Gledson, que me ajudava muito na epoca, encontrou uma sala na Vila Formosa e mudamos para este local, onde permacemos por cerca de um ano. Nesta altura a Silmara já havia manisfestado desejo de sair e começou a treinar a  Tatiana assumiu o seu lugar quando ela deixou a empresa.

            Embora mais  perto, o local não atendia os planos da empresa, que pretendia mandar as amostras já separadas para Belo Horizonte, para facilitar o processo de triagem e para isso passamos a procurar uma nova sala e a encontramos na Rua Monte Serrat, no bairro do Tatuapé. Era uma sala maior e a mesma foi dividida em dois setores: técnico e administrativo. Nesta altura, a empresa já havia autorizado a contratação da biomédica Adriana Beatriz, que montou uma pequena equipe e fazia a separação das amostras que chegavam das regiões e no final do dia, embalados em caixa de isopor, o motorista Renato, despachava a carga pelo aeroporto de Cumbica.

Rua Monte Serrat. - Local onde fomos assaltados


            Certo dia, após terminar o expediente, fechamos o escritorio e como a região, muito movimentada durante o dia, a noite, ao contrário, era deserta, fomos embora, apenas preocupados com os nossos carros, pois havia na região um grande numero de roubos. Como nossa sala ficava na sobreloja de uma grande loja de material para marcenaria, a segurança da sala resumia a trancar uma porta de madeira com fechadura normal. Nunca pensamos em ter um segurança extra, mas naquela noite, chegamos a conclusão que deviamos ter feito alguma coisa neste sentido. Ladroes arrombaram a porta e levaram todos os computadores, inclusive um notebook que eu havia deixado sobre uma mesa.

            Quando chegamos na manhã seguinte para trabalhar, estava tudo revirado, papeis espalhados por todo lado e o setor técnico inteiramente bagunçado. Depois dos procedimentos rotineiros, policia, Boletim de Ocorrencias, comunicar a empresa e providenciar novos equipamentos, foram vários dias trabalhando de forma improvisada.  Sabe aquele ditado que diz: Fechar a porteira depois que a boiada fugiu! Foi o que fizemos. Contratei uma empresa de serralheria e transformamos a sala num forte. Para entrar, precisar passar por duas portas, um cadeado eletronico e grades até o teto.

            O trabalho foi se desenvolvendo, mas era preciso contratar mais vendedores, visto que o Hirano havia saido,  para aumentar o numero de visitas e consequentemente a produção. Eu havia conhecido num congresso regional, na cidade de Campinas, dois vendedores do Rhesus, muitos simpáticos e fiquei com desejo de contrata-los. Um deles era o Rogério e a outra era a Perla. Ambos muito experientes na área e grandes vendedores.

            Fizemos uma proposta para o Rogério e ele aceitou vir trabalhar conosco e foi um feliz contratação, pois era uma vendedor acima da média. O “não” soava para ele como “seja bem vindo”, “volte sempre” e usando sua persuassão, a região que ele ficou responsavel começou a ter um crescimento muito grande. Estava tudo funcionando muito bem. A equipe comercial fazendo bem sua parte e a parte técnia cumprindo rigoramente as determinações de Belo Horizonte.

Radar Logistica - empresa contratada para as coletas e envio das amostras


O mercado estava favoravel ao nosso projeto. A produção esta grande e houve necessidade de contratar uma empresa de motoqueiro para atender as coletas da cidade e contratamos uma empresa de Belo Horizonte, a Radar Logistica,que ficou responsavel pelas coletas feitas por carro no Vale do Paraiba e Baixada Santista e também o despacho da mercadoria para Belo Horizonte. O espaço estava ficando pequeno para atender a demanda e foi necessário procurar um outro local, pois houve uma determinação de uma mudança nos procedimentos técnicos do envio das amostras.

Detalhando melhor, no inicio, quando as amostras eram coletadas nos laboratórios, as mesmas eram colocadas numa caixa de isopor, com a respectiva requisição, simples assim, e encaminhadas para a triagem em Belo Horizonte. O segundo passo, foi fazer um conferencia das amostras, das requisições, organizar as amostras por grupo e enviar para a conferencia em BH. Era este estágio que estava sendo feito o serviço.

Rua Antonio de Barros - Uma super estrutrta tecnica e administrativa


O novo projeto era um avanço fantastico: as amostras da região sul do Brasil, mais a produção do Interior de São Paulo. seriam triadas e cadastradas em São Paulo e enviadas já prontas para o setor técnico, com isso, ganhavamos mais de 02 dias na realização dos exames. Mudamos então para um grande espaço na Rua Antonio de Barros, na Vila Carrão e neste local eu tinha uma equipe técnica comandada pela Adriana Beatriz, uma equipe de digitadores, secretária e a equipe de vendas, nesta altura, com a inclusão de duas novas vendedoras, a Perla e a Debora.

O projeto previa que eu deveria morar em São Paulo para poder coordenar melhor o departamento comercial, mas foi uma jogada inutil. A empresa alugou um bom apartamento para mim no Tatuapé, a menos de 02 quilometros de onde estava instalado o escritorio, mas com o passar dos dias, ficou claro que eu só seria útil aos meus vendedores, se estivesse no campo com eles e minhas viagens pelo Brasil voltaram e eu havia deixado minha casa em São Carlos alugada e agora minha esposa sozinha em São Paulo, enquanto eu viajava pelo Brasil por até meses afora.

Certa ocasião, fui chamado à trbalhar em Belo Horizonte e mudei com minha esposa para uma casa ao lado da casa do Dr. Hermes Pardini e por lá fiquei por quase 02 anos, mas continuava viajando por todo o Brasil, como eu sempre fiz, desde  o dia que fui contratado.

Em São Paulo, vivenciamos um momento muito triste, quando recebemos a noticia que a vendedora Mariangela havia batido com o carro na Rodovia Dutra, em direção ao Rio de Janeiro, vindo a falecer e este episódio foi que abriu vaga para a contratação da Perla.

Foi um grande desafio a montagem da filial de São Paulo, muito esforço, muitos erros, alguns acertos, mas no final, conseguimos atingir o objetivo do projeto, que foi todo desmontado depois da minha saida em 2006. Foi uma pena, pois havia reunido grandes profissionais em torno de um projeto vencedor.

Assim a vida segue.

 

 

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