quarta-feira, 5 de junho de 2019

PEDRO, HOSPITAL E O MÊS DE MAIO.


No mês de maio tive que andar na corda bamba o tempo todo

Creio que todo mundo conhece a expressão “hoje eu devia ter ficado no cama”, bem, eu poderia dizer o que mês de maio foi muito atípico para mim, pois tive altos e baixos de forma muito marcante.
A cerca de 03 meses, no final de janeiro, estava com umas parcelas do meu carro atrasadas e o carro parou de funcionar. Levei o veiculo no mecânico que já o havia consertado anteriormente, quando queimou o  cabeçote e o diagnóstico foi desastroso, tinha queimado o modulo de comando. Peça cara e eu não teria condição de mandar fazer o conserto.
Meus carros dos ultimos tempos. Focus e agora Paraty

A solução surgiu de modo inusitado, o mecânico ofereceu uma troca, ele ficaria com meu carro, assumiria as parcelas em atraso, que naquele momento, já eram 04 e em troca eu ficaria com um carro dele, velho, mas com boa mecânica e pneus novos. Pronto, trato feito, e eu troquei um automóvel focus automático 2004 por uma Paraty  1000 16 válvulas, ano 1999, que esta isento do pagamento do IPVA.

Embora com o carro mais velho, estava bem para mim e toquei a vida por dois meses, fiz diversas visitas e em momento algum bateu arrependimento de ter feito a troca, até que o mês de maio chegou...

Tinha ido a São Carlos e quando estava na estrada, senti que o carro perdera força. Reduzi marcha e logo a frente tinha uma ladeira grande e consegui chegar ao meu destino, sem que o carro falhasse, apenas ele morria, quando colocava em ponto morto. Os comandos do painel marcavam temperatura e oleo como normais. Estacionei o carro e depois de umas 03 horas, fui dar partida, o motor pegou, mas ao examinar o que tinha acontecido, não havia uma gota de água no motor. Havia soltado uma mangueira e toda a água do radiador e reservatório haviam vazado. Quando coloquei água no radiador, o carro não pegou mais. Liguei para o mecânico e o mesmo deu o diagnóstico: cabeçote trincado. Valor do serviço: R$ 1.700,00.

Depois de soltar mil palavrões, tem que encarar a realidade e logo veio um guincho e transportou o carro para a oficina em Itirapina, onde o mesmo ficou parado, por falta de dinheiro para o conserto até o dia 20.
Gravação do Programa "Mais Caminho" com meu tio Nicola Gonçalves

Bem, como estava tudo em ordem agora, apenas mais uma divida no currículo, eu tinha um compromisso social em São Carlos, onde o pessoal do programa “Mais Caminho”, na figura do Pedro, o filho do cantor Leonardo, viria na oficina do meu tio Nicola Gonçalves, entrevista-lo sobre sua obra benemérita de fazer muletas e bengalas a mais de 40 anos à toda pessoa que precise, sem nunca ter cobrado um único centavo. Foram até o dia da reportagem, cerca de 10.000 pares de muletas e 4.000 bengalas.

Quando cheguei na oficina, a equipe de reportagem já estava a posto, gravando cenas da oficina e eu iria dar um depoimento sobre meu tio e também sobre o fato de ter utilizado por muito tempo um par de muletas feita especialmente para mim, quando quebrei a perna.

Nem percebi nada, mas minha surpresa foi quando um jovem veio ao meu encontro e me deu um abraço agradecendo a minha presença. No primeiro momento, apenas o cumprimentei e no instante seguinte foi que notei que tratava-se do filho famoso do cantos Leonardo, o Pedro, que num momento tragico de sua vida, sobreviveu a um grave acidente automobilístico.
Eu e o Pedro

Ficamos conversando uns minutos sobre o nossos acidentes e confesso que fiquei fã de imediato de rapaz, não pelo que ele é, pela fama que tem, mas pela simplicidade e simpatia. Pessoa rara. No tempo que durou a gravação, cerca de umas 03 horas, ele não se furtou em momento algum em atender as pessoas que dele se aproximava para uma Self ou um simples abraço. A reportagem vai ao ar dia 22 de junho, na EPTV da região de São Carlos.

A vida segue, e nos dias seguintes, fiquei praticamente em casa, pois não tinha nenhum compromisso agendado, até que na madrugada do dia 24,  acordei com uma forte pressão no peito. Acordei minha esposa, tomei um medicamento que ela usa para o coração e fomos ao Hospital de Itirapina, ainda de madrugada.
Hospital São José - Itirapina

Lá chegando, fui atendido por um médico sonolento, que mandou um técnico, também sonolento, fazer um eletrocardiograma e um teste de troponina. Feito isso, mandaram eu esperar numa sala e minutos depois, o médico disse que eu podia ir embora, que estava tudo normal. Bem, se esta tudo normal, vamos embora. Cheguei em casa por volta das 7:00, tomei um café reforçado e fui ver minhas mensagens no computador. A pressão no peito não havia parado e resolvi tomar um comprimido de dipirona e a sensação de peso no peito ficou acentuada e continuei com minhas atividades até por volta de 16:00. Minha esposa estava intranquila. Queria de qualquer maneira que eu fosse no médico novamente, mas desta vez em São Carlos.

Acabei cedendo aos seus apelos e fomos até a Santa Casa da cidade. Lá, depois dos procedimentos iniciais, fui atendido por um médico bem jovem, que pediu que fosse feito alguns exames, apenas para ter um diagnóstico correto. Como eu estava bem, apenas com um pequeno incomodo no peito, achei que tudo terminaria rapidamente. Fiz um eletrocardiograma e colheram sangue para fazer o exame troponina e pediram para aguardar. Duas horas depois, vem um médico e diz que eu tive um infarto e que precisaria ser internado para avaliar a dimensão do evento.

Fui encaminhado para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) Coronariana e lá fiquei monitorado de sexta até domingo pela manhã, quando fui transferido para um quarto. A medicação continuava e assim passei o domingo, a segunda e a terça sem nenhuma atividade, apenas esperando a equipe de Hemodinâmica me chamar para fazer o cateterismo, o que aconteceu por volta de 18:00 horas. Estava muito tranquilo, sem nenhuma preocupação e quando entrei na sala para fazer o cateterismo, até o ambiente era muito simpático, com o corpo técnico de pessoas alegres e após fazer os procedimentos de fixação do soro nas veias, entrou na sala um médico simpático e ficou conversando comigo e depois de uns 15 minutos, ele disse, “pronto, coloquei um stent, acabou”
Confesso que nem percebi, não senti dor e demorou mais para a preparação e termino dos procedimentos, do que o exame propriamente dito. Cerca de 40 minutos, já estava na sala de recuperação, em companhia da minha filha. Os médicos mandaram chama-la e quando ela voltou, estava com olhar assustado, pois o médico disse a ela que o meu estado foi classificado como gravíssimo, pois eu havia sofrido um infarto agudo no miocárdio e que não havia morrido, pois Deus deve ter destinado a mim ainda alguma tarefa.

Equipamento utilizado para fazer cateterismo

Fiquei mais assustado depois do exame do que nos dias que o antecederam, mas agora esta tudo bem. Estou medicado e em repouso e dentro de uns 10 dias já vou poder começar a caminhar um pouco a cada dia. Enfim, o susto passou e o mês de maio também. Agora é vida nova e novos desafios.

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