Alter do Chão - Um dos lugares mais bonitos do Brasil |
Alter
do Chão. Nome estranho num primeiro momento. Muitos talvez nunca ouviram este
nome, mas se trata de um dos lugares mais bonitos do Brasil. Vejam a definição
encontrada sobre este lugar, através do Wikipédia:
Alter do Chão é
um dos distritos
administrativos do município de Santarém, no estado do Pará.
Localizado na margem direita do Rio
Tapajós, dista do centro da cidade cerca de 37
quilômetros através da rodovia Everaldo Martins (PA-457).
É o principal ponto turístico de Santarém, pois abriga a mais bonita praia de
água doce do mundo segundo
No início do século XX, Alter do Chão era uma das rotas de transporte do látex extraído das seringueiras de Belterra e Fordlândia. Foi um período curto de desenvolvimento para a vila. Mas a
partir da década de 1950, ocorreu a decadência
do extrativismo amazônico e a vila foi atingida pelo déficit econômico.
Desde a década de 1990 até os dias de hoje, o atual distrito aposta no turismo para evoluir
economicamente, no qual obteve bons resultados.
Nas margens do rio Tapajós e do Lago Verde, em Alter do Chão, existem
diversas praias. A mais famosa delas é a praia de mesmo nome do distrito,
localizada em uma península com terrenos arenosos e inundáveis e também conhecida como Ilha do Amor. Existem
também praias menores, como Cajueiro, na orla do distrito.]
Para fechar o espaço da região amazônica, tinha mais um
desafio pela frente. A cidade de Santarém. Localizada no meio da Selva
Amazônica, a 1000 quilômetros de distancia de Manaus e a 1000 de Belém, é uma cidade moderna, com
um bom aeroporto e o melhor porto fluvial do Brasil. Localizada na confluência
dos Rios Tapajós e Amazonas, esta cidade conta com uma população superior a
250,000 habitantes.
Ali, na época que lá estive, é um ponto de comercio de
todas as cidades ribeirinhas. Diariamente, centenas de pessoas chegam e partem
de inúmeros barcos trazendo e levando mercadorias, pessoas, medicamentos. É
impressionante o movimento que existe no Porto de Santarém. A cidade também foi
um importante local para o comércio do ouro. Ainda existia na época muitas
lojas de comercio de compra e venda deste metal precioso.
Meu negócio era laboratório de analises clinicas e eu estava
lá para criar uma frente de trabalho para atender a região e o objetivo era o
mesmo de outros lugares, encontrar e treinar uma pessoa para cuidar das tarefas
de venda, coleta e transporte das amostras para Laboratório Hermes Pardini em Belo Horizonte.
Como a cidade de Santarem é pequena comparada com as capitais, não
acreditava que teria dificuldades em conseguir realizar meu trabalho em poucos
dias, mas a realidade mostrou-se diferente. Depois de visitar a maioria dos
laboratórios, foi me apresentado uma serie de candidatos, mas nenhum deles
atendia o que a vaga precisava. Até que surgiu um candidato muito simpático,
que pareceu ser a escolha certa. Embora fosse uma pessoa muito educada,
atenciosa, se revelou disperso a partir do segundo dia que eu o havia conhecido
e acabei desistindo de contrata-lo.
Sempre fazíamos grandes churrascos com os peixes de Santarem; |
Enquanto isso o tempo estava passando. Eu
já havia me comprometido com os laboratórios de iniciar as coletas e como não
tinha ainda a pessoa para fazê-lo, eu quem fiquei fazendo as coletas por uns 03
dias, até que numa manhã, ainda no hotel, apareceu um rapaz, enviado pelo SINE,
que tinha tudo que eu precisava. Estava desempregado, tinha uma família que
dependia dele, era falante, simpático, mas tinha um pequeno problema, não tinha
carro. Tinha uma moto. Pensei um pouco e nem comuniquei a empresa. Fechei com
ele, e fiz um acordo de pagar um valor menor pelo uso da moto em relação ao
valor que eu pagava pelo uso de carro por outros vendedores. Posteriormente, o
uso da moto foi adotado por todas as unidades, mas até aquele momento, era
terminantemente proibido este tipo de contratação. Pronto estava contratado o
vendedor Jackson.
Este garoto foi uma grande surpresa, além de realizar um
excelente trabalho, onde conseguiu conquistar todos os laboratórios da região,
duas vezes por por mês fazia coleta em Óbidos e Oriximiná, cidades distantes de
Santarém, que o único meio de acesso era por rio. Ele embarcava à noite em direção
a uma destas cidades e chegava na manhã seguinte. Visitava os laboratórios,
fazia as coletas e voltava a noite, chegando a Santarém no dia seguinte. Ele
fez estas viagens por mais de 03 anos. E o conforto destas viagens era zero.
Pelo tipo de barco que havia, a única forma que tinha para dormir, era em rede.
Os barcos que atendem a região das cidades em torno de Santarém |
Tempos depois, já bem ambientado ao trabalho, Jackson enviava
para Belo Horizonte enormes peixes, como tambaqui, tucunaré e eu reunia o
pessoal dos escritórios e o Elias, o faz tudo do Pardini, fazia aqueles peixes
na brasa, regados a cerveja. Desta parte tenho saudades. Do resto não, De BH
ficou lembranças de alguns funcionários que trabalharam diretamente comigo, mas
no mais, já foi para o arquivo morto. Como diz a musica do Paulinho da Viola:
“foi um rio que passou em minha vida”
Voltando a Santarém, era muito gostoso caminhar a tarde pelo
calçadão que margeia o Rio Tapajós, literalmente um mar de água verde, que vai
se encontrar logo mais a frente com o barrento Rio Amazonas e ai também acontece
o fenômeno da separação das cores da água. Por um longo trecho a água verde do
Tapajós não se mistura com a do Amazonas.
Jackson e Claudia - Grandes amigos. Hoje moram em Portugal |
Um sábado muito quente, o Jackson me convidou para ir conhecer
um lugar chamado Alter do Chão. Ele dizia ser um lugar muito bonito. Concordei
e bem de manhã fomos para lá. Eu, ele e sua esposa Claudia. Uma meia hora de
estrada e chegamos. Alter do Chão é sem duvida um dos lugares mais bonitos do
Brasil. Quando o Rio Tapajós esta na vazante (baixo) formam diversas ilhas de
areia brancas como açúcar refinado. E nestas ilhas, eles montam barracas que
servem refeições e muitas cervejas. Para aumentar a renda, estas ilhas, parece
até que existe um acordo dos moradores com o rio, elas se formam a uns 150
metros da aldeia e para poder chegar as ilhas, precisa contratar serviços dos
canoeiros, que se valem deste período para ganhar um pouco mais dos turistas.
Praias maravilhosas de areias brancas |
É um lugar fantástico. Se não fosse tão longe, e tão caro de
chegar, tenho certeza que seria um dos pontos turísticos mais visitados do Brasil.
Bem, e o Jackson continuou seu trabalho por um longo tempo. Quando deixei o
Pardini, ele teve outra gerencia e vou demitido. Mudou para Manaus e lá foi
trabalhar com reciclagem. Sempre manteve contato comigo e recentemente me
escreveu que esta morando em Portugal. Mudou com toda a família e esta se
reconstruindo por lá. Uma grande pessoa, um grande amigo ao qual tenho muito
carinho e gratidão. Abraços Jackson, abraços Claudia extensivo aos seus filhos.
No próximo capitulo, para fechar de vez a região amazônica,
estarei contando a historia de duas mulheres valentes, que me deram muitas
alegrias. Brinnya, de Porto Velho e Maria de Jesus, de Rio Branco.
Continua.
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