domingo, 11 de fevereiro de 2018

ALTER DO CHÃO – PRAIA DE AREIA BRANCA - Historias dos vendedores do Laboratório Hermes Pardini

Alter do Chão - Um dos lugares mais bonitos do Brasil


Alter do Chão. Nome estranho num primeiro momento. Muitos talvez nunca ouviram este nome, mas se trata de um dos lugares mais bonitos do Brasil. Vejam a definição encontrada sobre este lugar, através do Wikipédia:

Alter do Chão é um dos distritos administrativos do município de Santarém, no estado do Pará. Localizado na margem direita do Rio Tapajós, dista do centro da cidade cerca de 37 quilômetros através da rodovia Everaldo Martins (PA-457). É o principal ponto turístico de Santarém, pois abriga a mais bonita praia de água doce do mundo segundo 
jornal inglês The Guardian, ficando conhecida popularmente como Caribe Brasileiro.[1]
No início do século XX, Alter do Chão era uma das rotas de transporte do látex extraído das seringueiras de Belterra e Fordlândia. Foi um período curto de desenvolvimento para a vila. Mas a partir da década de 1950, ocorreu a decadência do extrativismo amazônico e a vila foi atingida pelo déficit econômico. Desde a década de 1990 até os dias de hoje, o atual distrito aposta no turismo para evoluir economicamente, no qual obteve bons resultados.
Nas margens do rio Tapajós e do Lago Verde, em Alter do Chão, existem diversas praias. A mais famosa delas é a praia de mesmo nome do distrito, localizada em uma península com terrenos arenosos e inundáveis e também conhecida como Ilha do Amor. Existem também praias menores, como Cajueiro, na orla do distrito.]
Para fechar o espaço da região amazônica, tinha mais um desafio pela frente. A cidade de Santarém. Localizada no meio da Selva Amazônica, a 1000 quilômetros de distancia de Manaus  e a 1000 de Belém, é uma cidade moderna, com um bom aeroporto e o melhor porto fluvial do Brasil. Localizada na confluência dos Rios Tapajós e Amazonas, esta cidade conta com uma população superior a 250,000 habitantes. 
Ali, na época que lá estive, é um ponto de comercio de todas as cidades ribeirinhas. Diariamente, centenas de pessoas chegam e partem de inúmeros barcos trazendo e levando mercadorias, pessoas, medicamentos. É impressionante o movimento que existe no Porto de Santarém. A cidade também foi um importante local para o comércio do ouro. Ainda existia na época muitas lojas de comercio de compra e venda deste metal precioso.
Meu negócio era laboratório de analises clinicas e eu estava lá para criar uma frente de trabalho para atender a região e o objetivo era o mesmo de outros lugares, encontrar e treinar uma pessoa para cuidar das tarefas de venda, coleta e transporte das amostras para Laboratório Hermes Pardini em Belo Horizonte.
Como a cidade de Santarem é pequena comparada com as capitais, não acreditava que teria dificuldades em conseguir realizar meu trabalho em poucos dias, mas a realidade mostrou-se diferente. Depois de visitar a maioria dos laboratórios, foi me apresentado uma serie de candidatos, mas nenhum deles atendia o que a vaga precisava. Até que surgiu um candidato muito simpático, que pareceu ser a escolha certa. Embora fosse uma pessoa muito educada, atenciosa, se revelou disperso a partir do segundo dia que eu o havia conhecido e acabei desistindo de contrata-lo. 
Sempre fazíamos grandes churrascos com os peixes de Santarem;

Enquanto isso o tempo estava passando. Eu já havia me comprometido com os laboratórios de iniciar as coletas e como não tinha ainda a pessoa para fazê-lo, eu quem fiquei fazendo as coletas por uns 03 dias, até que numa manhã, ainda no hotel, apareceu um rapaz, enviado pelo SINE, que tinha tudo que eu precisava. Estava desempregado, tinha uma família que dependia dele, era falante, simpático, mas tinha um pequeno problema, não tinha carro. Tinha uma moto. Pensei um pouco e nem comuniquei a empresa. Fechei com ele, e fiz um acordo de pagar um valor menor pelo uso da moto em relação ao valor que eu pagava pelo uso de carro por outros vendedores. Posteriormente, o uso da moto foi adotado por todas as unidades, mas até aquele momento, era terminantemente proibido este tipo de contratação. Pronto estava contratado o vendedor Jackson.
Este garoto foi uma grande surpresa, além de realizar um excelente trabalho, onde conseguiu conquistar todos os laboratórios da região, duas vezes por por mês fazia coleta em Óbidos e Oriximiná, cidades distantes de Santarém, que o único meio de acesso era por rio. Ele embarcava à noite em direção a uma destas cidades e chegava na manhã seguinte. Visitava os laboratórios, fazia as coletas e voltava a noite, chegando a Santarém no dia seguinte. Ele fez estas viagens por mais de 03 anos. E o conforto destas viagens era zero. Pelo tipo de barco que havia, a única forma que tinha para dormir, era em rede.

Os barcos que atendem a região das cidades em torno de Santarém
Tempos depois, já bem ambientado ao trabalho, Jackson enviava para Belo Horizonte enormes peixes, como tambaqui, tucunaré e eu reunia o pessoal dos escritórios e o Elias, o faz tudo do Pardini, fazia aqueles peixes na brasa, regados a cerveja. Desta parte tenho saudades. Do resto não, De BH ficou lembranças de alguns funcionários que trabalharam diretamente comigo, mas no mais, já foi para o arquivo morto. Como diz a musica do Paulinho da Viola: “foi um rio que passou em minha vida”
Voltando a Santarém, era muito gostoso caminhar a tarde pelo calçadão que margeia o Rio Tapajós, literalmente um mar de água verde, que vai se encontrar logo mais a frente com o barrento Rio Amazonas e ai também acontece o fenômeno da separação das cores da água. Por um longo trecho a água verde do Tapajós não se mistura com a do Amazonas.
Jackson e Claudia - Grandes amigos. Hoje moram em Portugal

Um sábado muito quente, o Jackson me convidou para ir conhecer um lugar chamado Alter do Chão. Ele dizia ser um lugar muito bonito. Concordei e bem de manhã fomos para lá. Eu, ele e sua esposa Claudia. Uma meia hora de estrada e chegamos. Alter do Chão é sem duvida um dos lugares mais bonitos do Brasil. Quando o Rio Tapajós esta na vazante (baixo) formam diversas ilhas de areia brancas como açúcar refinado. E nestas ilhas, eles montam barracas que servem refeições e muitas cervejas. Para aumentar a renda, estas ilhas, parece até que existe um acordo dos moradores com o rio, elas se formam a uns 150 metros da aldeia e para poder chegar as ilhas, precisa contratar serviços dos canoeiros, que se valem deste período para ganhar um pouco mais dos turistas.
Praias maravilhosas de areias brancas 



É um lugar fantástico. Se não fosse tão longe, e tão caro de chegar, tenho certeza que seria um dos pontos turísticos mais visitados do Brasil. Bem, e o Jackson continuou seu trabalho por um longo tempo. Quando deixei o Pardini, ele teve outra gerencia e vou demitido. Mudou para Manaus e lá foi trabalhar com reciclagem. Sempre manteve contato comigo e recentemente me escreveu que esta morando em Portugal. Mudou com toda a família e esta se reconstruindo por lá. Uma grande pessoa, um grande amigo ao qual tenho muito carinho e gratidão. Abraços Jackson, abraços Claudia extensivo aos seus filhos.
No próximo capitulo, para fechar de vez a região amazônica, estarei contando a historia de duas mulheres valentes, que me deram muitas alegrias. Brinnya, de Porto Velho e Maria de Jesus, de Rio Branco.
Continua.




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