Teresina - A Rainha do Nordeste |
Minhas
viagens pelo Brasil me ensinaram muita coisa. Foram anos e anos indo do norte
ao sul do leste ao oeste. Conheci centenas de cidades, viajei por quase todas
estradas do Brasil, fiz diversos vôos e até viagem de navio. Como diria Roberto
Carlos, “foram tantas emoções”.
Em
cada parte deste Brasil, que é muito maior que a maioria da população conhece
apenas pelos noticiários da imprensa, tem uma boa historia para ser contada,
uma pessoa especial para ser conhecida e tenho feito ao longo dos anos,
publicações neste sentido e agora resolvi contar sobre o Estado do Piaui.
Geograficamente,
o Estado do Piaui se localiza na região nordeste e pelo seu tamanho, faz divisa
com o Ceará, Pernambuco, Bahia, Tocantins e Maranhão e tem o menor litoral do
Brasil, com apenas 66 quilometros de extensão, que mesmo pequeno, é um dos mais
bonitos do Pais.
O
Estado tem 224 municípios, sendo Teresina a sua capital e as principais cidades
do interior são Parnaíba e Picos. A capital é cortada por dois grandes rios: O
Rio Parnaíba que no encontro com o Oceano Atlântico forma uma das maiores
belezas da natureza conhecida como o Delta do Parnaíba e pelo Rio Poty, que
cruza o centro da cidade e torna-se um afluente do Parnaíba quilometros a frente.
Teresina
é considerada a “Rainha do Nordeste”, é a única capital nordestina fora do
litoral, e no século passado era conhecida como a Mesopotâmia do Nordeste por
se encontrar entre os dois grandes rios e hoje ela é muito projetada e
arborizada, conhecida como “Cidade Verde”.
Estava
trabalhando na região nordeste e até então só conhecia aquele lugar por uma escala
no aeroporto local, onde avião da VASP ficou no solo por uns 30 minutos e
quando lá cheguei, anos depois, vindo de Fortaleza, confesso que enfrentei a
pior estrada que havia passado até então. Ao entrar no Estado do Piauí, a
estrada estava toda esburacada e foi quase um dia todo para cumprir os 600
quilometros que separam as duas capitais.
Durante
a viagem, um quadro que se repetia sempre: pessoas à beira da estrada com uma
fieira de “voante” limpa para vender aos motoristas. Fiquei sabendo
posteriormente que a “voante” era a codorna, um pássaro pequeno, mas muito
consumido pelo piauense, inclusive este prato é encontrado em diversos
restaurantes da cidade, que aliás, também são especialistas em peixes e é
impossivel esquecer as moquecas servidas no Restaurante Dona Maria ou um farto
almoço às margens do Rio Poty no tradicional “O Pesqueirinho”, que recomendo a
quem ler este artigo e visitar Teresina.
Minha
ligação com esta cidade aconteceu muito tempo atrás, por volta de 1994, quando
era funcionário do Laboratório Lid. Esta empresa tinha uma coligada chamada
CPEI, que estava ampliando sua rede de distribuidores pelo Brasil. Certa
ocasião, visitando um cliente na cidade de São Paulo, encontrei na recepção do
laboratório que eu visitava, uma loira bonita, falante, perfil ótimo para
vendas e já atuava na área de reagentes. Durante a nossa conversa, ela disse
que era de Teresina e estava pensando em voltar e lá abrir uma distribuidora de
produtos para laboratório. Fiz a ponte entre ela e o Dr. Renne, que era diretor
da CPEI e ela passou a ser a
representante da empresa no Piaui, Nascia ali a Kris Lab Comércio e
Distribuição Ltda, hoje uma empresa consolidada no mercado.
Quando
eu estava em processo de expansão do Laboratório Pardini, eu tinha que
contratar um representante para atender os clientes do Piaui e como fazia em
todos lugares onde chegava pela primeira vez, eu visitava os laboratórios e
perguntava sobre a indicação de alguma pessoa para nos representar e quase
sempre dava certo e em Teresina aconteceu um fato que me deixou de cabeça
quente, Visitando o maior laboratório da cidade, o Med Imagem, que já era nosso
cliente, perguntei ao sócio do laboratório, Dr. Erasmo se conhecia alguém para
indicar e ele prontamente disse: minha esposa Nathalia.
E
agora? Se eu declinasse a indicação, poderia abalar a relação comercial que já
existia e se contratasse a Nathalia, poderia a vir ter problema com os outros
laboratórios, devido ela ser esposa de um concorrente, e esta situação me preocupava bastante, mas
resolvi arriscar e marquei uma reunião com a Nathalia e para minha surpresa,
ela tinha o perfil que eu esperava para nos representar. Tivemos ao longos dos
03 anos que nos representou alguns problemas, mas posso dizer que fez seu
trabalho com relativo sucesso.
Quando
ela manifestou desejo de não mais continuar, pedi para o vendedor de Fortaleza,
o Reginaldo Silveira, ir até Teresina e contratar uma nova equipe e lá ele
contratou um garoto bom de serviço, que fez uma boa amizade com todos os donos
de laboratórios, o que não acontecia com a Nathalia e a nossa produção na
região teve um aumento significativo. Fui conhece-lo meses mais tarde e ficamos
amigos, amizade que dura até os dias de hoje. Hoje, o Eugênio é um construtor
de sucesso, Montou uma empresa de limpeza de terrenos e outros serviços e em
seguida conseguiu construir uma primeira casa e daí surgiu a Construtora
Projetar.
Em
Teresina tem um parque público, muito bonito, com o nome sugestivo de
Potycabana. Localizado às margens do Rio Poty o mesmo conta com uma estrutura
espetacular, pouco vista em outros lugares do Brasil, como ter uma área de 43
mil metros quadrados, sendo 15 mil metros quadrados de área verde, pista de
caminhada, pista para ciclismo, esporte radicais, 08 quadras de esportes e
outros atrativos. Um lugar para conhecer.
Eu
estava em Teresina no mês de junho e no Potycabana tinha uma festa popular,
como muitas barracas, parques de diversão e havia na programação, um concurso
de quadrilhas juninas. Confesso que minha lembrança deste tipo de tradição era
apenas o das festinhas que as professoras faziam com as crianças nas escolas e
confesso que não manisfestei interesse de imediato em participar do evento, mas
acabei me rendendo as musicas alegres que vinham do evento e encontrei um lugar
na arquibancada e ai fiquei extasiado. Foi a melhor momento da minha viagem e
um dos melhores que vi até hoje, Um teatro ao ar livre, com centenas de
personagens.
Festa Junina no Parque Potycabana |
O
torneio, fiquei sabendo depois, é encarado como uma competição profissional e
grupos de várias cidades treinam os passos da dança diariamente, durante o ano
todo, e se apresentam em concursos por todo o nordeste. Os campeões ganham
direito de participar dos concursos em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), os
templos sagrados dos festejos juninos.
O
ritual da dança é sempre o mesmo, um casal que é obrigado a casar sob a mira de
uma espingarda, um padre que faz o casamento e depois a dança para comemorar o
casório, mas isto feito profissionalmente é espetacular. A sincronia, a
variedade de passos, a velocidade que os dançarinos empregam na dança é
fantástico e a coreografia é julgada por uma banca e como nos desfiles de
escolas de samba, tudo é cronometrado. Ultrapassou o tempo, é penalizado.
Pena
que este ano, por conta da pandemia, não houve este encontro e o São João, que
para o nordestino tem um apelo popular imenso, ficou o vazio, mas certamente,
no coração do piauiense, a dança esta gravada intensamente no coração de cada
um.
Já
fazem muitos anos que não volto por lá e por não mais viajar a trabalho e morar
muito distante, talvez nunca mais volte, mas Teresina ficou gravado no meu
imaginário como um dos lugares mais encantadores que tive o prazer de
conhecer. Saudades dos meus amigos Anderson, Nathalia, Nayane, Manoel e Erasmo. Saudades também do calor, da brisa a tarde à beira do Poty e de uma gostosa garrafa de cajuína. Oxalá que eu volte um dia.
]
Parabéns Luis por nos proporcionar viajar no tempo e reviver essas histórias do cotidiano com o seu olhar. Um olhar de grande sensibilidade.
ResponderExcluirGostei! Amo Teresina, vc vai voltar sim! E vai tomar cajuina :-)
ResponderExcluirBela história aprendi muito com você Luis saudades
ResponderExcluirMuito bom Luís
ResponderExcluirVou mandar pro Erasmo e pro Naldo
ResponderExcluirMais uma boa história...muito legal
ResponderExcluirOlá, sou de Teresina e moro nesta cidade atualmente. Tive acesso a seu texto e fiquei comovida com a sensibilidade com que você descreve a minha cidade e como você realmente conhece a alma da "cidade verde" (título que infelizmente perdeu para Curitiba). A realidade da "voante", a Cajuína, o Pesqueirinho, o belíssimo espetáculo da quadrilha junina....você conheceu mesmo Teresina. Pelo carinho com que se refere a ela eu te convido: Volte! Venha apreciá-la novamente. Além de tudo que você referiu, se vier em junho, você usufruirá ainda de deliciosas brisas de verão, revoadas de pássaros e comerá uma deliciosa carne do sol em algum dos nossos bons restaurantes. Quem sabe você ainda se encontra por aqui com Nayane (vi que é nossa amiga em comum). Pelo texto, pela história, bravo!
ResponderExcluirParabéns, Luis, por descrever tão bem sobre nossa capital Teresina!
ExcluirQue texto carinhoso que você escreveu. Pena que não consegui identificar seu nome, mas reitero meu amor por esta terra maravilhosa que tive oportunidade de conhecer e fico na torcida que este pequeno texto caia na mão de brasileiros que resolvam visita-la como um ponto turístico. Abraços.
ExcluirAdoro o Piauí! Luis meu irmão tem propriedade lá! Muito legal a história!
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