sábado, 18 de fevereiro de 2017

Capitulo 12 – 

Momentos inesquecíveis

Neste capitulo pretendo relembrar alguns fatos que ocorreram comigo quando já havia sido promovido a supervisor e algumas historias que me autorizaram publicar, vindo de amigos do grupo. Espero que outros também autorizem a usar suas historias que já foram publicadas na pagina.

Minha casa era assim quando morava em obras
Matuto do interior, criado na construção civil, trabalhando em almoxarifado, dormindo em alojamento de obras e vivendo o dia a dia com os pedreiros, carpinteiros, armadores, pintores, serventes e todos os profissionais desta área, onde a linguagem é bem simplificada, sem frescura, onde colher é “cuié” e garfo é “gafo” e outros vícios de linguagem que cada um trazia de sua região. Uma obra grande como a que eu trabalhava, onde tinha mais de 400 profissionais, era difícil administrar o dia a dia. Eu era responsável pelo almoxarifado e tinha que prestar contas ao mestre de obras e ao engenheiro, a saída dos materiais e ferramentas e isto demandava as vezes ter que agir com rispidez com os funcionários da obra, pois nem sempre eles estavam dispostos a colaborar. Era normal um eletricista vir ao almoxarifado, requisitar uma furadeira e “esquecer” de devolver. Se desse moleza, ela nunca mais voltaria ao estoque.

Usina de concreto
Foi com este espirito que fui trabalhar numa empresa de concreto usinado, montei uma loja de material de construção para finalmente chegar na LTN. Eu já tinha uma boa experiência de vendas e  uma boa redação, pois havia sido redator de um jornal da cidade de São Carlos por 02 anos, embora não tivesse feito nenhum curso neste sentido. Escrever para mim sempre foi uma coisa espontânea e por ter me casado muito cedo, com apenas 19 anos e logo em seguida nascer meu primeiro filho, tive que abdicar dos estudos e partir para o trabalho. Posteriormente, mas muito tempo depois, fiz um curso de marketing, pela Internet na Newton Paiva, de Belo Horizonte.

Supervisor Meneghetti - Grande amigo. Me ajudou muito,
Mas confesso, que mesmo sendo promovido a supervisor, ainda era muito ingênuo e isto era um prato cheio para meus colegas supervisores me perturbarem. Eu dizia naturalmente a palavra “parteleira” e o Meneghetti não deixava barato. Não é parteleira, dizia, é prateleira. Veja se aprende. Passava alguns dias e lá estava eu errando outra palavra e lá vinha gozação em cima, mas foi muito bom, pois graças a eles, principalmente ao Meneghetti, Silvio, Alexandre e ao Manoel, aprendi muito sobre comportamento social, etiqueta, modo de vestir, corte de cabelos, roupas e apreciar uma boa comida.
Casa na Serra da Cantareira
Mas dei muita mancada. Está aqui foi de lascar: O Supervisor Cavalcante havia adquirido uma casa no Bairro Cantareira, um dos lugares mais bonitos de São Paulo. Certo dia, ele convidou toda a supervisão para ir conhecer sua casa e passar o dia por lá, onde seria servido uma feijoada, feita pelo seu amigo Saul e pela sua funcionária Maria. Convite feito, convite aceito. Lembro que o Meneghetti ter tido que seria um ambiente descontraído e que não precisava ir de camisa social e gravata, poderia ir bem à vontade. Bem à vontade, imaginei que poderia colocar qualquer roupa e estaria tudo bem. Foi o que fiz. Coloquei uma calça jeans toda desbotada, bem surrada mesmo e uma camisa bem colorida e tênis e sai do Hotel San Marino e fui encontrar com os outros supervisores na frente da LTN, onde iriamos todos em dois ou três carros.
Quando cheguei defronte a LTN para me encontrar com os outros supervisores, tive vontade de voltar e ficar escondido pelo resto da semana. Ficar à vontade para eles, era estar vestido com elegância, sapatos mocassim, camisas polos, todos, sem exceção, estavam elegantemente trajados, menos eu. Me senti o bobo da corte. Levei até uma bronca do Sidnei sobre a maneira como eu estava vestido, mas já que estava ali, fui conhecer a casa do Cavalcante. Ele havia adquirido um sobrado, com um grande espaço de jardim,  piscina e dentro do imóvel, diversas cômodos, todos grandes. Era uma excelente casa. Fomos apresentados ao Saul e a Maria e ambos, além de excelentes cozinheiros, eram duas pessoas maravilhosas e naquele dia haviam preparado uma feijoada maravilhosa. Apesar de  me sentir deslocado, por ser novo no grupo e por estar vestido de uma forma inadequada, passamos uma tarde agradável naquele belo lugar, que tempos depois seria palco de uma tragédia sem precedentes.

Uma tragédia
Como o Cavalcante estava sempre em viagem, quem ficava  da casa na sua ausência era o Saul e a Maria, que moravam naquela residência desde que a mesma fora comprada. Um certo dia, o Cavalcante recebe um telefonema da Policia, dizendo que sua casa havia sido assaltada e que o Saul e a Maria haviam sido assassinados. Foi um pânico geral. O Saul fora morto com uma toalha sobre a cabeça e uma faca atravessada no pescoço e a Maria fora morta a facada no chão da cozinha da casa.

Eu e mais um grupo de vendedores fomos a casa do Cavalcante dar uma força para ele e tão logo a perícia liberou o local, lembro de ter lavado a cozinha que estava com sangue por todo lado e a noite, o grupo resolveu permanecer na casa. Era um grupo de valentes. As horas iam passando e ninguém conseguia sair da sala, onde todos, uns 10 no total, não tinham coragem de ir para os quartos dormir e ficamos reunidos na sala da casa a noite todo. Se alguém saia de perto do grupo para ir ao banheiro, por exemplo, voltava rapidinho. A casa tinha uma varanda linda, com espaço para todos sentarem, rede para descansar, mas ninguém se atrevia a sair de perto do grupo. O clima de terror estava no ar.  O tempo também contribuía para aumentar a tensão. Era uma noite fria e baixou uma cerração e pela janela dava para ver apenas as luzes amarelas dos postes, que destacava da neblina o que aumentava o cenário de medo.
Era um noite como essa.
Qualquer barulho, todos corriam para as janelas, morrendo de medo que os assassinos voltassem. Aquele clima de insegurança permaneceu pela madrugada, quando já por volta de 05 horas, o telefone tocou. Ainda assustados, alguém atendeu, dizendo aquele “Alo” com uma alta dose de medo na voz e do outro lado era a Policia informando que haviam sido capturados dois elementos que confessaram que tinham assaltado a casa do Cavalcante e matado o Saul e a Maria. Foi um alivio geral, todos se abraçaram, alguns chorando, outros perdidos em seu próprio mundo. Foi talvez o momento mais tenso que vivi em toda minha vida. Superado este momento trágico, a vida seguiu e soube mais tarde que o Cavalcante ficou desanimado com o acontecido e acabou vendendo a casa.

Mas teve, entre a supervisão muitos momentos hilários, como uma certa vez, ouvindo uma conversa entre o Silvio, Alexandre e Meneghetti, eles comentavam que haviam adquirido um réchaud e que iriam fazer fondue no final de semana. Neste aspecto, o que um comprava era quase uma senha para que os outros também comprassem. Eu, como estava começando e o salário ainda era muito pequeno comparado com os deles, ficava a margem destas ostentações.
Confesso que sou curioso, gosto de conhecer coisas novas, mas não podia admitir que desconhecia o que eles estavam conversando. Réchaud e fondue, embora palavras francesas, era tudo japonês para mim. Não tinha ideia do que aquilo significava. Horas depois, fui conversar com o Silvio, que era o mais acessível para este tipo de conversa e ele me explicou que réchaud era um aparelho onde se derretia queijo, fritava pedaços pequenos de carne e derretia-se chocolate e comia-se acompanhado de vinho, com pequenos garfos. Era uma comida exótica, muita gostosa, que tempos depois tive oportunidade de saborear.

Quando o Silvio me contou eu simplifiquei e disse a ele, então é só derreter o chocolate e colocar pedaços de frutas e saborear? É isso aí, respondeu. Na segunda feira, quando estávamos conversando, o Alexandre disse que tinha feito fondue, e o Silvio e o Meneghetti também confirmaram que haviam feito e que foi divino. Eu não podia ficar por baixo e disse que também havia feito. Você fez? Perguntaram, mas como se você não comprou o réchaud? Simples, respondi. Comprei chocolate, uvas, bananas, morango e minha esposa derreteu o chocolate numa panela e comemos a “fondue caipira”. Quase me expulsaram da sala, mas demos muita risada.

Outra história que rendeu muitas risadas, pelo menos de mim, infelizmente foi quando resolvemos comprar um terno sob medida. O Sidney tinha um amigo alfaiate, cujo nome já não lembro mais, que sempre ia na LTN e fazia roupas sob medidas para muita gente, principalmente os supervisores, gerentes e até alguns vendedores. Eu nunca havia comprado nada dele e como vivíamos numa sociedade competitiva, onde todo mundo comprava de tudo e o outro para não ficar atrás, comprava também, eu acabei entrando na onda e resolvi fazer um terno com este alfaiate. Na hora de fazer a medida, como eu sempre fui barrigudinho e hoje este atributo cresceu um pouco mais, ele fez as medidas de acordo com as normas de alfaiate, ou seja, mediu o cós da calça até a cintura. Esqueci de dizer a ele, que em função da barriga grande, sempre usei calça abaixo da cintura. O terno que eu havia mandado fazer era bem claro e quando ele me entregou, foi uma gozação geral. O zíper da calça tinha mais de 40 cm. Era quase do tamanho de uma barraca de Camping. Nunca usei esta calça e o paletó somente algumas vezes. Nunca mais comprei dele e voltei a comprar roupas na Ducal.


Era obrigação do supervisor ou um gerente quando chegava numa capital ou cidade que estivesse escritório da Embratel, ir visita-los para informar que estávamos trabalhando na cidade. Era apenas uma visita de cortesia, mas tínhamos que fazer obrigatoriamente. Certa ocasião estava com a equipe em Porto Velho, num período de muito calor e eu para fazer a visita coloquei um terno cinza, bem clarinho, quase puxado para o branco, camisa azul e gravata preta. De verdade, para os padrões de São Paulo eu estava bem vestido, mas para Porto Velho, eu parecia um ET. Devido ao calor, ali ninguém usa roupa social durante o dia. Cheguei na Embratel suando as bicas e me anunciei a secretária. Ela pediu para aguardar uns minutos, que o Diretor estava atendendo outra pessoa e ofereceu água, que aceitei prontamente. Depois de alguns minutos, ela pediu para eu entrar e ao chegar na sala, me deparo com o diretor, vestido de bermuda e camiseta, com o logotipo da Embratel e sapato mocassim sem meias. Comuniquei a ele que estávamos trabalhando o Guia Brasil Telex e iriamos ficar por ali uns dias e que qualquer problema estávamos hospedados no Hotel Vila Rica e a inteira disposição. Ele agradeceu e disse que quando eu voltasse por lá, poderia vir a vontade, sem necessidade de usar terno e gravata, pois as repartições públicas de Porto Velho já haviam abolido esta formalidade. Agradeci e ao sair do prédio da Embratel, já me desmontei tudo, tirei o paletó, a gravata e dobrei a manga da camisa e voltei para o conforto ao ar condicionado que o hotel oferecia.
Uma grande serpente, visto do alto
Nesta viagem, quando terminamos o nosso trabalho em Porto Velho, o destino da equipe era a cidade de Belém. Mais de 04 horas de voo. Embarcamos em Porto Velho por volta de 13 horas com destino a Manaus e lá trocaríamos de avião para seguirmos viagem até Belém. O trecho Porto Velho/Manaus, foi uma viagem tranquila, quase toda sobre a Floresta Amazônica, era um mar de verde com aquelas enormes serpentes que os rios representam do alto e nada de cidades, era só arvores e mais arvores. Chegando em Manaus, encontramos no saguão do Aeroporto do supervisor Meneghetti, que havia trabalhado naquela cidade e estava também indo para Belém, só que num voo da Varig, que saia dentro de minutos enquanto o voo que minha equipe iria pegar era da Vasp e sairia horas depois.
Conversamos um pouco para matar as saudades e eles contavam as peripécias das compras feitas nas lojas da Zona Franca. Para embarcar, era um jogo de ajeitamento de carga para não pagar excesso de bagagem e eles haviam comprado muita coisa, afinal tudo era mais barato.  Depois que eles partiram, ficamos à toa no aeroporto esperando nossa vez de embarcar. O avião da Vasp, que embarcamos,  era um Boeing 707 com 04 turbinas, barulhento, mas  tido como um avião seguro. Cada um tomou seu assento e após as instruções das comissárias de bordo, o piloto  recebeu autorização da torre de comando para decolar.
O avião da epoca. Boeing 707
O embarque e a partida foram tranquilos com o avião taxiando até a cabeceira da pista e depois dos procedimentos rotineiros, os motores roncaram e o avião começou a ganhar velocidade e levantou voo, conforme previsto. Quem não conhece, o aeroporto de Manaus fica próximo ao Rio Negro e o avião que estávamos decolou no sentido contrário a Belém e teria que fazer uma curva sobre o Rio Negro para seguir o destino. O avião estava em plena aceleração e já dava para avistar o rio crescendo pela janela da aeronave, quando de repente, o avião perdeu força. A sensação é a mesma de você estar acelerando um carro e quebrar o cabo do acelerador. A impressão que dava era que o avião estava parado e poderia cair a qualquer instante. O silencio dentro da aeronave foi tão grande, que dava para ouvir até as batidas do coração, tal o medo que se instalou nos passageiros.
Nisso, a voz do comandante informa que o avião apresentou problemas nos flapes e que iriam voltar. Foram momentos terríveis. O avião, em baixa velocidade e com pouca altura, contornado o Rio Negro para poder fazer o alinhamento com a pista causava uma sensação de pânico, mas não havia o que fazer a não ser rezar para que tudo terminasse bem. Avião no chão, pouso controlado, sem nenhum susto adicional, tivemos a notícia que o nosso voo seria feito num prazo mínimo de 02 horas e que o bar do aeroporto estava liberado para todos passageiros. Foi um tal de pedir uísque, vodca, gim e outras bebidas, que parte do grupo estava para lá de Bagdá na hora de embarcar novamente.

Voo noturno
Era o mesmo avião. O reparo nos flapes já havia sido feito e a aeronave já estava apta para voar. Embarcamos e a viagem foi tranquila, mas já havia escurecido e a viagem foi toda feita a noite e a única luz que dava para ver da aeronave era aquela que fica na ponta da asa. No mais era tudo escuro. Foi feita uma escala em Santarém e chegamos em Belém por volta de 02 horas da madrugada, diversos vendedores e outros passageiros estavam bêbados, pois naquela época, ainda servia bebida alcoólica a bordo como cortesia.

Uma outra situação que também foi engraçada foi quando fomos escalados para iniciar nossos trabalhos em São Luiz. O voo sairia de São Paulo por volta de 12 horas e no meu grupo estava alguns vendedores novatos, entre eles, um chamado Sergio, que era da região de São Jose do Rio Preto e que nunca havia voado e estava apavorado. Procuramos acalma-lo e com muito custo, convencemos ele embarcar, mas foi torturante para ele, pois assim que o avião decolou, ele agarrou forte no banco que estava sentado e como era um dia quente o avião trepidava muito e a cada trepidação o apavoramento dele só aumentava. Achei até que ele ia desmaiar. Fez a viagem toda agarrado no braço da poltrona e quando o avião pousou em São Luiz e já no chão, ainda dentro do aeroporto, ele chegou em mim e pediu para voltar de ônibus, pois nunca mais queria voar. Não houve que o convencesse a voar novamente. Tive que conversar com o Falco, que liberou que ele fosse descendo de capital a capital de ônibus até São Paulo. Encontrei com ele tempos depois ele trabalhava numa borracharia e ele jurou para mim que jamais voaria.

Grande Lucas. Só suas historias daria um grande livro;
Um dos grandes vendedores que a LTN teve foi o Joseph. Confesso que o conheci muito rapidamente, pois tão logo fui admitido  ele deixou a empresa para montar uma empresa de telefonia via satélite, com escritório na Avenida Paulista. Até fui visita-lo uma ocasião, mas meu contato com ele foi mínimo, mas ele é lembrado por todos que o conheceram como um dos maiores vendedores que a LTN teve em seu quadro de funcionários, senão o maior e os textos que vou reproduzir agora são lembranças de dois veteranos, que tiveram oportunidade de conviver com o Joseph e daí saiu uma boa história, que espero contar de uma forma convincente. Vou iniciar com a chegada do Joseph a LTN, recontando a história do José Lucas Erandes, publicou recentemente:
Lucas parece que seu destino era ser vendedor de publicidade em lista telefônica, pois parte de sua vida foi destinada a este nicho de mercado e ele tem uma enciclopédia de fatos e acontecimentos, que somente de seus “causos” daria para escrever um livro de mais de 400 páginas. O seu primeiro emprego foi na antiga LTB – Listas Telefônicas Brasil, onde deu os primeiros passos nesta fantástica profissão. Certa ocasião recebeu um convite para ir trabalhar numa editora que comercializava o guia Credicard e esta empresa pertencia ao seu grande amigo Savaglia, pessoa que o Lucas considerava um ídolo, e junto com ele estavam mais dois amigos fieis, o Henrique e o Boter e mais alguns vendedores. Era uma equipe pequena, mas de grande produtividade.
O trabalho no Guia da Credicard começou pela cidade de São Paulo e depois se estendeu para as cidades de Porto Alegre e Curitiba. Na capital do Paraná estavam hospedados no Hotel Mabu, defronte à Praça onde fica a Universidade Federal do Paraná e o Teatro Guaíra, bem no centro da cidade a poucos quarteirões da Boca Maldita, local de encontro dos paranaenses. Depois de um dia de muito trabalho, quando estavam descansando na recepção do hotel, aparece um rapaz, que era irmão do companheiro de quarto do Lucas e que naquela ocasião, que estava trabalhando na cidade vendendo publicidade para um veículo chamado Guia Azul, semelhante as Páginas Amarelas. 
Acontece que este rapaz estava sem dinheiro e não tinha onde dormir. Eles concordaram em acolher o rapaz naquela noite e driblando a recepção do Hotel Mabu, o rapaz subiu até o apartamento do Lucas e do amigo dele e depois de tomar um banho e comer um lanche, dormiu aquela noite no chão do apartamento, que não era coisa de outro mundo, pois o carpete do quarto era como um colchonete de tão macio. No dia seguinte se despediram e a vida seguiu.
Tempos depois o Lucas, pelo seu amigo Eugênio, foi convidado e vir trabalhar na LTN, isto em fevereiro de 1978. O trabalho que ele executava era o mesmo que fazia na LTB e no Guia da Credicard, ou seja, vender publicidade e nisso ele era muito bom. O tempo passou e como o mundo gira, um dia, por acaso ele encontra com seu amigo que havia dividido o apartamento em Curitiba num comércio perto de sua residência. Após os cumprimentos iniciais, vem a clássica pergunta: onde você mora? Moro ali na Rua Rocha e você? Perguntou o amigo. Moro ali próximo a Fundação Getúlio Vargas. Caramba, disseram, então somos vizinhos e deste momento, aquela amizade de trabalho, que havia sido esquecida, voltou.
Num instante da conversa, ele perguntou ao Lucas onde ele estava trabalhando no momento e o Lucas respondeu que estava na LTN e então o amigo perguntou se ele não conseguiria encaixar seu irmão, que estava desempregado no momento, mas que era um bom vendedor e já tinha experiência no mercado, inclusive, disse - Lucas, você já o conhece, lembra aquele rapaz que dormiu no nosso apartamento em Curitiba? Então. é ele.
- Vou ver o que consigo – falou o Lucas e na primeira oportunidade que teve, dias depois, levou o assunto para o supervisor Hernani, que aceitou entrevistar o rapaz. Avisei meu amigo e voltei para minha rotina e esqueci o assunto.
O candidato ao emprego de vendedor foi recebido pelo Hernani e que no momento não estava com uma boa equipe, resolveu confiar na indicação do Lucas e o contratou  para seu time, que logo que foi a campo já começou a arrebentar com as vendas. Vendia mais que a equipe toda. Estava surgindo um vendedor que virou lenda na LTN, o cara era o Joseph.
Tempos depois eles se encontraram, ficaram amigos e chegaram inclusive a trabalhar na mesma equipe, mas a convivência as vezes causa desgastes e numa delas, tiveram um desentendimento e se afastaram e ficando uns 05 anos sem conversar, parte também por não trabalharem nos mesmos veículos. Numa viagem que o Lucas estava fazendo, junto com a equipe para a cidade de Londrina para concluir as vendas do Guia Brasil Telex daquele ano, no aeroporto recebeu a notícia que o Joseph havia sido promovido a Diretor da LTN.
Não faltou quem não tirasse uma com cara dele, pois todos sabiam da rusca que o Lucas tinha com o Joseph e aí eles comentavam que certamente agora o Lucas seria demitido, mas se isso acontecesse, seria uma decisão errada da LTN, pois ele era um bom vendedor e sempre cumpria suas tarefas com êxito. Passados alguns dias da posse do novo diretor, eis que ele recebe um telefonema da Amália, informando que o Joseph queria que ele se apresentasse imediatamente em São José do Rio Preto para assumir a chefia da equipe que estava sitiada naquela cidade fazendo a lista 180. Quase enfartou. Esperava a notícia de uma eventual demissão e de repente, é promovido a supervisor, o que jamais esperava.
O seu encontro com Joseph ocorreu, depois de todos estes anos, em Araçatuba, quando a empresa alugou uma chácara para fazer uma festa de confraternização e ele apareceu. No início, o Lucas não sabia como agir, tanto que ficou isolado do grupo num campo de bochas para não ter que conversar com o Joseph, mas ele mandou chama-lo, mas o Lucas resolveu não ir e lá permaneceu. Novamente foi chamado e aí não teve jeito, teve que ir enfrentar seu desafeto depois de tantos anos. Mas uma boa surpresa aconteceu. Chegando ele o cumprimentou sorrindo, deu um abraço e foram conversar num lugar reservado e colocaram as conversas em ordem e a amizade voltou e a partir daquele momento, o Lucas passou a ver o Joseph de uma outra maneira, como uma pessoa humilde, um grande profissional. A amizade permanece até hoje, mas a beleza e as peças que o destino apresenta as vezes é que são fantásticas. Talvez esta história não existisse se não houvesse aquela noite no Hotel Mabu.
O texto abaixo foi contado pelo Manoel, que conviveu muito tempo com o Joseph e vale a pena ser relatado um episódio da vida dele.
Depois de ler a publicação do Lucas, sobre o Joseph Claude Daou,  ( gostaria muito de tê-lo como participante do grupo, tem muitas passagens sobre ele, vou contar umas três que estou lembrando agora )...ele era bem jovem quando entrou, era um garoto ainda, mas antes de entrar na LTN ele trabalhou em uma empresa de exportação e importação do Líbano( ele falava vários idiomas), certa vez viajou para o Líbano e foi resolver uns assuntos em uma cidade de lá, depois de resolvido tudo e em vez de voltar pro Brasil ele caiu na besteira de querer visitar os familiares que moravam em uma outra cidade, que não sei qual era ( ex: ele foi pra São Paulo e a família morava no Rio de Janeiro ), quando chegou na cidade pra visitar os familiares estourou uma daquelas GUERRAS que acontecem muito naqueles lados, e ele teve que ficar lá e foi recrutado pra guerrear, passou o maior sufoco da vida na guerra, quando a mesma acabou ele voltou pro Brasil e chegando na empresa foi demitido porque ele não deveria ter ido pra outra cidade e sim voltado. Joseph, gostaria muito que estivesse aqui no grupo para confirmar isso, mas acho que a Tania Castro, poderá dizer se isto é verídico.

O capitulo esta longo, continua na próxima semana.





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