domingo, 19 de março de 2017


Capitulo 16 – Solidariedade e outras maldades

Conforme deixei aberto na capitulo anterior, neste pretendo apenas contar histórias que receber. O grupo, segundo os números apurados é composto de quase 200 membros, de verdade um número muito bom, se realmente todos participassem ativamente da vida da página, mas infelizmente a realidade é outra. Poucos se interessam ou dá até para afirmar que nem olham a página de vez em quando, mas fazer o que? Vamos seguir em frente e contar com a colaboração do pequeno grupo que faz a pagina movimentar.

Na narrativa que pretendo fazer neste capitulo, irei reprisar algumas histórias já publicadas e publicar outras que recebi durante a semana, mas todas serão mantidas fidedignas ao original e irei relatando, por vendedor, para que os méritos sejam atribuídos ao autor da história. Convém ressaltar que nem tudo foram flores e é justo também que seja aberto espaço para que a face oculta do cotidiano da LTN também seja apresentada.

Os quatros anos que vivi na LTN me transformaram numa outra pessoa. Até hoje, passados já 30 anos, ainda utilizo lições que aprendi na época e coloquei em pratica em outras empresas que trabalhei após o termino do meu ciclo na empresa. Recordo, certa ocasião, após ter fracassado o projeto de ter a nossa editora, uma ideia que nasceu de uma revolta de um grupo de 11 vendedores, que será assunto para uma próxima publicação, eu me encontrava desempregado, sem dinheiro, pois havia investido tudo que tinha na montagem da editora e nada dava certo, me vi, de repente, arruinado, sem amigos e sem nenhuma perspectiva e um milagre literalmente aconteceu.

Uma festa que mudou minha vida
Eu havia feito inúmeras entrevistas de emprego e não conseguia nada e num determinado dia, eu voltava de Ribeirão Preto, onde estava trabalhando para uma empresa vendendo plano de saúde para a empresa Blue Life. Não vendia nada. O que conseguia ganhar mal dava para pagar a comida. Bem, ao chegar em São Carlos, onde eu já morava, estava somente com um pouco de dinheiro que cobria o valor da passagem do ônibus urbano e sobrava algum pequeno valor para as despesas de casa e naquela semana se comemorava na cidade a Festa do Clima, onde havia várias barracas vendendo doces, lanches, lembranças, e eu resolvi voltar a pé para minha casa e passar na festa para comprar algum doce para levar para minha família.

Quando cheguei na festa, ainda era cedo e o movimento estava pequeno, encontro com um rapaz chamado Walmir, que nunca mais o vi e que havia participado comigo num processo de seleção numa empresa química. Nos cumprimentamos e ele disse, sem eu perguntar nada, que estava desanimado com o trabalho dele, pois tinha que viajar diariamente e ele não gostava. Ele me perguntou:
- Você que não ficar no meu lugar? Eu te apresento e tenho certeza que eles te contratam.
- Claro, respondi, qual é a empresa e o que faz?
- É um laboratório de análises clinicas e o serviço é vender produtos para realização de exames.
- Mas eu não conheço nada dessa área, respondi
- Mas você conhece o mundo das vendas e tenho certeza que você vai conseguir o emprego e fará carreira na profissão.

Meu primeiro emprego na área de laboratório
Foi profético este encontro e as suas palavras, pois consegui este emprego e dele vieram outros no mesmo segmento e pude ser o pioneiro num segmento de mercado que ninguém trabalhava, que era vender serviços de apoio a laboratórios de outras cidades e outros estados. Nesta tarefa, consegui montar equipes de vendas em todo o Brasil e foram nestes 30 anos de estrada e consegui dar emprego e treinar mais de 300 vendedores, todos inexperientes na área e muitos ainda continuam prestando serviços nesta atividade. Uma solidariedade de uma pessoa praticamente desconhecida para mim, que me permitiu levar esperança e oportunidade a pessoas que nunca chegariam ao sucesso, sem este pequeno empurrão que foi uma verdadeira dádiva de Deus.

Voltando a LTN, talvez a melhor empresa que trabalhamos, era formado por pessoas de personalidade diversas, como toda a sociedade e lá sempre se encontrava pessoas que estavam dispostas a se sacrificar por você como também pessoas que não hesitariam em pisotear se alguém caísse em sua frente.Analisar pessoa a pessoa é muito interpretativo. O que serve para um não presta para o outro, como mostra os textos abaixo:


Um ícone na história do LTN foi o Manoel. Ele foi talvez o que melhor homem de campo da empresa. Duro, mas sempre leal. Nunca tratava diferente nem o recém contratado ou o mais experiente da empresa. Todos recebiam tratamento igual e por isto todo o respeito que ele goza até hoje de todos.
Mas teve uma situação que ele até não gosta de comentar, mas insisti com ele e obtive autorização para contar. Como é possível uma pessoa tão competente e dedicada a empresa como ele, num rompante de raiva, chutar tudo pra cima e pedir demissão em caráter irrevogável? Estranho, mas aconteceu e foi desta maneira que ele contou:

Era raro haver reunião de emergência em São Paulo. Os assuntos eram sempre tratados diretamente com a supervisão na base que estivessem trabalhando, mas certa ocasião havia um grupo trabalhando em São Paulo e outro no interior. O Manoel, nesta oportunidade estava trabalhando em Araçatuba, quando foi convocado a participar de uma destas reuniões. Ele saiu de Araçatuba no período da tarde e já nas proximidades de Sorocaba, na Rodovia Castelo Branco, devido às fortes chuvas que caiam no local, o fusca que ele tinha, era novinho, água planou numa poça d’água, vindo na sequencia capotar o veículo. Felizmente não houve ferimentos no Manoel, mas o carro ficou destruído. Passado o susto inicial, o Manoel ligou para a empresa para comunicar o fato e ficou aguardando socorro e nada de aparecer alguém para ajudar. Tempos depois, o Silvio que também estava vindo para a reunião, foi quem prestou ajuda ao Manoel. Lembro que o Manoel chegou na empresa todo decomposto, irritado com a falta de atenção que foi dado a ele. Veja como ele conta a gota d’água que faltava para o copo entornar:

No dia seguinte fui até a empresa e pedi ajuda pra arrumar meu carro, a resposta do bundão do Thomas foi essa: Olha como vc é um funcionário antigo (fui o primeiro), nós vamos fazer um favor de te adiantar seu 13, aí eu perguntei pra ele: e se fosse um pezinho????? ......ele me respondeu: azar dele aqui não é casa de caridade. .... Fiquei tão puto com a resposta dele que resolvi naquele momento sair da LTN e pouco tempo depois pedi demissão.
Como se percebe na narrativa acima nem tudo eram flores, mas o Manoel voltou para a LTN tempos depois, quando o Joseph o contratou para gerencia o escritório em Fortaleza.

Nem sempre a solidariedade foi presente no cotidiano da LTN, talvez nunca tenha sido instrução da presidência da empresa, mas sim de alguns gerentes, que se valiam do pequeno poder que tinham para criar regras, muitas vezes absurdas. Vejam a história contada pelo vendedor Jairo, que foi também um dos pioneiros da empresa

Já que o tema é solidariedade, eu vou na contramão de tudo que estou lendo! Tive um acidente de carro perto de Marília, bati a 120 km por hora, o carro deu perda total (era um feriado) e tínhamos que se apresentar em Presidente Prudente no dia seguinte, como me acidentei, fiquei uns 35 dias em recuperação, pois caí fora do carro e ralei as costas inteirinha e o único a me visitar (em Paraguaçu Paulista -SP) onde morava meus pais, foi o meu grande amigo ZUM! Quando me recuperei, fui ao escritório da LTN me apresentar ao meu gerente, o Hernani, e me colocar a disposição e a solidariedade que tive foi a demissão. Isso na época me deixou muito chateado, triste e sinceramente não levo uma boa impressão da LTN até hoje, apesar de nem existir mais! Mas a vida se encarregou de colocar todas as coisas no seu devido lugar graças a Deus, trabalhando sério e com honestidade!

Tem uma outra história sobre injustiça cometida pelos administradores da LTN, que se acontecesse hoje, com a Lei Maria da Penha valendo, o pessoal da época corria o risco de serem presos. Quem conta este episódio é a Fernanda Cara Soares, que não chegou a trabalhar na empresa como vendedora, mas teve o dissabor de viver um momento inesquecível numa entrevista de emprego para a área de vendas. Veja como foi contada por ela:

Trabalhava na conferência e certa vez fui me candidatar à vendas. A resposta que obtive é que não me daria bem pois seria assediada pelos vendedores e que para me dar bem, sendo mulher, teria que fazer vendas usando meus dotes femininos. Claro que fiquei horrorizada com tamanha imbecilidade dá parte da pessoa que me entrevistou e falei algumas coisas que me vieram à cabeça no momento em defesa das mulheres e tal... Saí de lá desconcertada...Fui trabalhar com vendas na OESP Gráfica, onde pude provar que podia ser representante sendo mulher.

Infelizmente, situações como as relatadas acima devem ter acontecido centenas de vezes, mas não me contaram, portanto, vou continuar com exemplos de solidariedade que acontecia no campo, como um relato enviado pela C. Dourado que conto abaixo:

Saudoso Alexandre Sartorato.
O trabalho na cidade de Curitiba havia terminado e resolvemos voltar para São Paulo em comboio. Eu, nunca fui fã de dirigir e sempre que podia, passava a bola para algum amigo e naquela ocasião, que estava dirigindo era o Manoel. Na nossa frente estava o Alexandre, de carona, no carro de um vendedor, cujo nome não recordo mais, mas sei que era de São José do Rio Preto. Estranho isso, mas ao sair do Hotel, comentei com o Manoel que estava com um pressentimento ruim. Fizemos nossas orações e seguimos viagem. Algum tempo depois, numa curva da Rodovia da Morte, vimos o carro do vendedor capotado. Paramos para prestar socorro, apavorados com a possibilidade deles estarem mortos, mas o Alexandre estava bem, e o vendedor havia se ferido. Eu coloquei o vendedor no meu carro e voltei para Curitiba para leva-lo a um hospital, enquanto eles ficaram no local cuidando das malas, fichas que haviam se espalhados pela pista. Felizmente, tudo acabou bem, mas o pressentimento ruim que tivemos aconteceu.

Nem tudo também era tragédia, havia também muitas situações engraçadas, que acabaram de certa forma mostrando a amizade existente entre os vendedores. Veja o que conta o Flavio A. Reis Leite. O nome de guerra dele era Reis, mas foi com cachaça que ele aprontou esta:

Estávamos em uma lanchonete na esquina do calçadão quase em frente ao Chamonix em São José do Rio Preto. Éramos uns 15 vendedores reunidos, na maior descontração. Era mês de agosto e já fazia frio, embora a cidade seja muito quente e ai rolava tudo.  .
Uma turma tomava cerveja, outros refrigerante, entre eles estava eu e algumas porções de calabresa, batata frita na mesa. Estáva uma descontração total, até que um dos colegas incita: 'Reis se você tomar esse copo de pinga eu pago essa conta da mesa' foi um problemão, todo mundo falando bebe, bebe….
E do nada surgiu o copo duplo, cheio até a borda de cachaça na minha frente, e com ele o incentivo de todos para que eu tomasse uma golada da pinga, de uma só vez. Aquilo era muito mais que o meu limite de alcoólico estava acostumado, mas o incentivo continuava e eu para não ficar mal perante o grupo, encarei o copo e virei numa golada só. Foi um golpe certeiro no cérebro. 
Depois de uns minutos estava passando uma fanfarra tocando e eu já meio cheio de graça entrei no meio da fanfarra, e levei um cacete na cabeça. Alguns vendedores foram me ajudar e virou um quebra quebra generalizado. Eu sai dali e entrei no meu carro já bêbado e segui dirigindo no meio do calçadão passando por cima de tudo, segui até o apto de minha namorada, quebrei a cancela dá portaria e quando acordei estava no Hospital de Base, quase parti dessa para outra vida, perdi dois dias de trabalho, coloquei o meu emprego e o dos colegas em risco, mas os gerentes entenderam que foi a brincadeira e terminou tudo bem

Mas o Reis proporcionou outra situação muito engraçada, que ele conta hoje rindo, mas que na ocasião o deixou com vontade de agir como uma avestruz, enterrando a cabeça na terra para ninguém poder vê-lo.

Trabalhando na região de Bebedouro, fazendo TJ com vendedora Adriana, uma bela mulher, que o meu supervisor Alexandre só deixava ela viajar comigo, acho que por eu ter  cara de bom moço. Uma certa ocasião, estávamos eu e ela já final da tarde, voltando para o atendimento, quando me deu uma dor de barriga insuportável, não havia chance de eu chegar no hotel, parei na beira dá estrada, disse a Adriana ficar o carro eu entrei correndo no meio do canavial onde fiquei quase meia hora de cócoras, até aquela diarreia passar. Quando voltei para o carro já no escuro e sem lanterna, ao me levantar para sair do meio do canavial, pisei sem ver nos restos da minha dor de barriga. O cheiro era horrível e quando entrei no carro e fui dar partida para seguir viagem, já notava a Adriana com o rosto coberto pelo odor que vinha dos meus pés e como miséria pouca é bobagem, estaciona atrás do meu carro uma viatura da Polícia Rodoviária e o policial já foi intimando desce, tentei explicar, mas não foi preciso contar minha história, pelo perfume ele entendeu, vai com Deus e cuide da alma. A Adriana chorava de rir o tempo todo, quando chegamos no hotel, corri para o banho.

Grande amiga Leda
Tem uma vendedora que foi muito querida por todos e infelizmente não tive oportunidade de tê-la na minha equipe, mas fomos amigos. Estou falando da Leda.  Lembro que certa ocasião, eu acho que ainda não exercia a função de supervisor e morava na cidade de Descalvado e por questão de economia, gentilmente a Leda se dispôs a me dar um carona até minha casa, em Descalvado. Para quem não se lembra, ela era uma mulher de muita personalidade, falava com a voz empostada e impressionava os clientes com sua postura e também minha família. No domingo a noite, ela passou novamente em Descalvado e me levou de carona ate Ribeirão Preto. Nunca esqueci desta gentileza. Depois que deixei a LTN, tempos depois a encontrei num laboratório de análises clinicas no Tatuapé. Ela, na epoca, trabalhava para uma empresa de planos de saúde e o acaso fez nos encontrar neste lugar e este foi o nosso último encontro. Ela me contou uma bela história de solidariedade, que irei reproduzi-la literalmente como ela conta. Vejam que situação ela viveu em companhia da Ângela Guerreiro:

Último dia de campanha! Estávamos trabalhando Assis e região e hospedados em Paraguaçu Paulista, num hotel muito do mixuruca. Eu ainda tinha muitos contratos para serem feitos em cidades mais distantes que tinha deixado em 2º plano. No atendimento da manhã fomos advertidos que a não solução de todas as fichas se refletiria no corte no adiantamento por conta de comissão. Cruzes... não podia correr este risco. Combinei um TJ com a Ângela e fizemos um roteiro com visitas, entre as minhas e as dela, a 16 cidades (verdade!!!). Pegamos a estrada no meu bravo Fusquinha e a poucos quilômetros rodados um caminhão jogou uma pedra no para-brisa do carro que ficou todo estilhaçado. Paramos e, sem entrar em muitos detalhes da dificuldade, conseguimos remover tudo. Então ficamos naquele impasse... como vamos trabalhar? Foi quando a Ângela disse que tinha lido num livrinho de dicas da Shell que se fechássemos os vidros laterais dava para dirigir sem problemas. Verdade verdadeira, o vento não batia em nossos rostos e deu para trabalhar tudo numa boa e o resultado foi que conseguimos renovar e até aumentar todos os contratos antes do fim da tarde. Até aí tudo bem. Porém, quando estávamos voltando caiu aquela tempestade... e bota toró nisso. Sem o para-brisa, as gotas velozes batiam no meu rosto como agulhas e eu não tinha como dirigir. Coloquei meus óculos escuros e a Ângela segurou, durante todo o percurso, uma pasta de plástico abaixo dos óculos para me proteger. E toma água... nós estamos tão encharcadas e apavoradas que não conseguíamos conter o riso! Bem mais a frente, já próximas de Paraguaçu, conseguimos entrar num posto de gasolina onde muitos carros também pararam para se proteger. Ficamos ali diante de olhos estarrecidos e penalizados com a nossa situação e coragem. Foi aí que pude olhar melhor para a Ângela e não acreditei!!! Ela vestia um conjunto branco de algodão, que com aquele banho todo, ficou totalmente transparente, ela estava praticamente nua!!! Nós riamos muito e fazíamos piada de tudo, quem olhava devia nos achar meio loucas. Quando a tempestade passou pegamos a estrada e voltamos para o hotel. Quando chegamos eu tive que sair primeiro para ir buscar uma toalha de banho pra Ângela se embrulhar porque senão podia ser presa por atentado ao pudor. Fomos rodeadas por nossos colegas de equipe na maior gozação. Por onde passávamos deixávamos poças de água e só fomos para o atendimento depois de um bom banho e roupas secas. Foi demais os risos e as piadinhas maldosas. E.… esta foi uma das minhas aventuras inesquecíveis!


Uma outra história que chegou de uma colega nossa a Léa, vale ser contada. Veja como foi:


 Eu e o Fabricio, saímos de viagem com destino a cidade de Aracaju, no meu bom fusca, que era pau para toda obra, que naquela campanha serviu para todos. Naquela época as estradas não eram como hoje e estava um dia chuvoso e estava numa reta muito longa e com o peso dos caminhões, formava um sulco no meio da pista, o que dificultava dirigir o carro, que era baixo e se caísse no sulco, bateria o fundo do assoalho no asfalto e com chuva era muito perigoso. A viagem seguia com o maior cuidado, quando em dado momento surgiu um caminhão na contramão. Como não tinha muita experiência, pois era a minha primeira campanha que estava fazendo, pisei no freio…e, em segundos aquele minúsculo carro começou na rodar...é um registro de memória inesquecível…aquele carro não parava…ainda bem que não capotamos. Acredito que por estar em pequena velocidade…enfim. O fusca parou. Ele encaixou em uma valeta na lateral da estrada...a parte traseira totalmente enfiada...com os pneus rodando. Logo chegaram ajuda e os ajudantes sentavam na frente, em cima do para-choque, e nada. Tinha muito capim na valeta...era caso de guincho…, mas eis que vem um senhor de bicicleta que voltava do seu trabalho com uma foice amarrada no guidão da magrela. Ele, muito simples, parou, analisou, e, disse calmamente: o capim não vai deixar vocês tirarem esse carro daí. Ele então desamarrou sua foice e começou a carpir...todos levantavam o carro na direita, e depois para esquerda...aos poucos sobrou um espaço na valeta que coube um macaco e conseguimos tirar o carro dali e seguimos viagem. Minha perna tremia tanto que eu não conseguia controlar os pedais e passei a direção para o Fabricio e não dirigi mais até chegar em Fortaleza, quando voltei de avião e despachei o fusca em uma carreta cegonha. Até hoje recordo com carinho daquele senhor, que espontaneamente, prestou um grande gesto de solidariedade a duas pessoas assustadas que ele nunca havia visto na vida. 


A Maria José Claro, conhecida pela maioria dos vendedores com Zezé, era muito querida de todos, foi certamente uma das vendedoras mais bem-sucedidas nos anos que trabalhou na LTN e que tem muitas histórias para contar e para fazer parte deste capitulo, ela relata um acontecimento que teve na cidade de Tupã, no interior de São Paulo. Veja como foi

Estávamos trabalhando na lista fazendo a cidade de TUPÃ. Hospedados em um hotel bem no centro na praça principal. Era horrível o hotel de aparência. As acomodações eram boas. Depois ficamos sabendo que antes era um hospital particular. Arquitetura bonita, mas era tétrico. Aí, uma colega loirinha de olhos azuis magrinha, e minhonzinha adoeceu. A levei para um hospital perto do hotel. Precisaram interná-la. Aí começou todo o drama, pois ela precisa tomar injeção...Misericórdia! Foi um terror, pois ela tinha medo. É muito medo de tomar injeção. A enfermeira pedia que eu a segurasse, mas eu era também magrela e do mesmo tamanho dela, não tinha forças, mas consegui segurá-la e a enfermeira aplicou a injeção. Logo depois ela dormiu. Eu passei a noite sentada, acordada cuidando dela. Amanheceu melhor e teve alta. Voltamos para o hotel é ela estava curada. Fica aqui a ressalva que não se tratava da C. Dourada, que naquela época ainda não trabalhava na empresa. 

Para terminar este capitulo, que hoje será um pouco mais curto que os outros, vou contar uma história recente que vivenciei e que me emocionou: A cerca de um ano, eu estava ainda em processo de reabilitação da cirurgia que havia feito na perna, quando recebi um telefonema do Braw, dizendo que iria me visitar. Combinamos nos encontrar e dias depois ele aparece na minha casa, acompanhado da esposa, do filho e do Tridico. Era a primeira vez que a LTN chegava a minha casa. Foi uma grande alegria revê-los e contamos historias, rimos de das palhaçadas do passado, tive oportunidade de conversar por telefone naquele dia com a Ângela Guerreiro e com o Paolo. Foi muito legal. Mas o que quero contar é a solidariedade do Braw para com o Tridico. A história é triste, mas digna de ser contada. O Tridico tinha uma vida organizada, uma boa casa em Catanduva, sua família, a mulher e 03 filhos viviam dentro da normalidade.

Foto tirada durante visita a minha casa 

Uma coisa que incomodava o Tridico era a Internet. Ele detestava chegar em casa e ver seus filhos e a esposa ligados nas redes sociais e ninguém mais conversava. Ele estava se sentindo um estranho em sua própria casa. Um dia, num acesso de raiva, ele arrebentou o roteador, acabando o sinal da internet da casa e aí o imponderável aconteceu: o seu filho mais velho, também tomado por um acesso de fúria, empunhou uma faca e esfaqueou o Tridico na barriga. Ele foi internado, operado e ficou em coma por vários dias e quando teve alta tempo depois, seu casamento acabou e os filhos foram embora e ele passou a morar sozinho na casa, que abrigava sua família e entrou em depressão profunda. 

Voltou a ficar internado por vários meses. No dia que veio me visitar, ele me contou que ainda morava sozinho, que já havia conversado com seu filho, mas que agora ele tinha que tomar muitos remédios para ter uma vida mais ou menos normal. Tinha medo de ficar sozinho na casa e por isso nunca trancava a casa. Quando o Braw ficou sabendo da história, passou a convida-lo para viajar com ele, de modo permitir que ele se recuperasse um pouco e foi com este proposito que o Tridico veio me visitar. Outro que nunca abandonou o Tridico foi o Paolo, que sempre que pode esta ao lado do companheiro. Infelizmente, já não tenho notícias dele a mais de 01 ano e espero que tudo esteja bem com ele.

Por hoje é isso. Semana que vem tem mais.








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