quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

UM GOLPE DE SORTE

Com a contratação da Cleide em Fortaleza e o Manoel como agente de publicidade numa radio FM de Fortaleza, meu trabalho naquela cidade ficou fácil e depois de uns dias por lá, parti para novos horizontes. O foco era melhorar a rentabilidade do Rio de Janeiro, que tinha um grande potencial a ser explorado.
Apolo - Era um carrão na epoca.

Eu precisava de um carro para trabalhar e o LID, embora já tivesse comprado um carro para Fortaleza, ainda não tinha o meu. Fazia as viagens com o carro que tivesse a disposição, as vezes era um bom carro, as vezes uma sucata. Certo dia, me chamaram para conversar a respeito e disseram que iriam me fornecer um carro quando retornasse de uma viagem aos Estados Unidos e neste período eu poderia utilizar o carro da filha deles, um automóvel Apolo, semi novo. Mas antes de pegar o veiculo, o famoso sermão: todo cuidado do mundo, pois minha filha não sabe que o carro vai ser usado, etc...

Como havia dito na capitulo anterior, eu tinha arrumado emprego para meu filho Evandro para trabalhar no interior de São Paulo e quebrando uma regra de não contratar parente, o LID me contratou também. Eramos os únicos parentes na empresa.

Terminada a semana, eu pego o automóvel  Apolo da filha do dono da empresa, que já estava meio derrubadinho, mas era muito melhor que os Gols que a empresa as vezes me emprestava e fui para casa. Cheguei  a noite e todos ficaram curiosos em ver o carro, o que era perfeitamente normal, afinal, depois de quase 04 meses, era a primeira vez que eu  ia para casa com o carro da empresa. Antes era ônibus na sexta e na segunda para voltar.

No final de semana, a família estava toda reunida na minha casa. Havia nascido minha segunda neta, filha do Evandro. Num determinado momento, ele precisou ir a casa dele, que ficava cerca de 10 quilômetros da minha e pediu para ir com o carro Apolo. Meio ressabiado, concordei e ele foi com sua esposa e deixaram a netinha que havia nascido a poucos dia conosco. Era para eles voltarem no máximo em meia hora, mas começou a demorar o retorno, quando batem palma no portão de casa.
- Seu filho bateu o carro na marginal e esta preso nas ferragens.

Panico total! Fomos correndo para o local do acidente e lá chegando eles já haviam sidos retirados do carro e estavam com ferimentos leves, mas o carro estava destruído. Olha como foi: A marginal tem diversas curvas, sendo uma delas bem fechada e ao se aproximar dela ou o freio falhou ou meu filho teve algum mal súbito,  chocando o carro violentamente na traseira de um carro da policia civil, com 04 ocupantes e jogando o carro da policia dentro do riozinho  que corta a marginal. Foi uma queda de uns dois metros.Ainda com carro descontrolado, o Apolo foi de encontro de um muro de uns 4 metros de altura, que com o impacto, caiu parte dele sobre o veiculo, afundando o  capô e o teto do veiculo. Perda total.
O carro era outro, mas o estrago foi igual

Os policiais queria prender meu filho por achar que ele estava embriagado e tive que entrar no meio, me comprometer a ressarcir as despesas e tive sorte que um dos policiais conhecia minha família e ajudou a apaziguar o ambiente.  Minha nora ficou tão abalada, que teve que fazer um tratamento para não perder o leite para amamentar a minha neta recém nascida.

Bem, passado o susto, o carro foi guinchado para uma concessionaria e eu voltei a ficar a pé e de repente, o que estava  se mostrando ser um caminho de prosperidade, num momento, virou um pesadelo. Precisava contar para a empresa o que havia acontecido e com isso eu e meu filho poderíamos ser demitidos, mas quando relatei o ocorrido, eles ficaram bravos, mas entenderam e continuamos trabalhando. Para meu filho compraram um Fiat Uno zero e eu ganhei de presente para trabalhar, um automóvel Lada, semi novo.
Meu carro, Lada. Quebrava e faltava peças

Trabalhei com este carro um bom tempo. Quando quebrava, faltava peças de reposição e então tinha que fazer gambiarras para o carro continuar rodando. Um dia, no Rio de Janeiro, emprestei o carro para o vendedor ir ao aeroporto Santos Dumont buscar uma mercadoria. No caminho, ele perdeu o controle do veiculo e se chocou contra um poste de iluminação e a luminária, que parece pequena vista de baixo, caiu sobre o capô do veiculo, atingindo até a parte de cima do motor. Perda total. Mais uma vez eu estava sem carro.Me arrumaram, tempos depois um gol, aquele com a frente quadrada, e este carro foi meu companheiro por muito tempo e viajei milhares de quilometros sem nenhum problema.
Goiânia - Uma linda cidade

Estava na epoca do congresso anual da SBAC – Sociedade Brasileira de Analises Clinicas e desta vez, na cidade de Goiânia e o LID iria participar. Eu lá chegando, notei que nosso stand ficava ao lado do stand do Instituto Medico Hermes Pardini e lá eles estavam sendo representados por  duas biomédicas,  que acabei ficando  amigo de ambas e sugeri a elas a possibilidade de contratar meu outro filho, o Fernando para fazer o serviço  de coleta, como meu filho Evandro fazia pelo LID. Percebi que haviam gostado da ideia, e a partir deste momento fui o maior cavalheiro  da historia: durante o tempo do congresso, eu as pegava no hotel pela manhã, levava-as para almoçar, para jantar, para sair a noite. Não desgrudei um minuto delas. Fui, na verdade, um guia turístico. Onde elas quisessem ir, lá estava eu para ajuda-las.

Terminado o congresso, voltei para a rotina , mas não deixei de pertuba-las com a idéia de contratar meu filho. Mandava para elas roteiros, listagem de possíveis clientes, quanto custaria o projeto, enfim, dava toda  consultoria para fazerem no Pardini o que eu tinha começado a fazer no LID. Já se aproximava o final do ano de 1995, quando recebi um telefonema do Pardini, pedindo para meu filho ir até Belo Horizonte para fazer entrevista, treinamento e contratação.  Fiquei extasiado de alegria, mas preocupado, pois o Fernando era ainda motorista inexperiente. Tinha pouco tempo de carteira e nunca havia dirigido em estradas.


Chegando em Belo Horizonte, foi muito bem recebido e ficou uns 03 dias fazendo um treinamento e finalmente decidiram que ele iria trabalhar na Região de Pouso Alegre e deram a  ele um carro, dinheiro para a viagem e reservaram um hotel na cidade para ele morar até conseguir mudar para a região, o que aconteceu meses depois, quando mudou para a cidade de  Mogi Mirim.
A vida seguiu, as festas natalinas de 1995 foram perfeitas. Eu e meus filhos estávamos trabalhando e tínhamos muito o que comemorar.  E foi realmente um final de ano muito feliz.

Logo no inicio de 1996, iria acontecer um Congresso Brasileiro de Endocrinologia, no Centro de Exposição de Salvador,  congresso que normalmente os laboratórios não participavam, mas como estava em alta pedir exames hormonais pelos médicos endocrinologistas, o LID resolveu montar um stand neste evento. O mesmo aconteceu com um grande laboratório de São Paulo, que era líder de mercado na época, a CRIESP, além do Instituto Hermes Pardini, que mais uma vez ficamos próximos e foi lá que tudo mudou.
Centro de Convenção de Salvador

Meu filho já estava trabalhando a cerca de 02 meses e estava indo bem. Eu não conhecia o Dr. Hermes Pardini, mas ele, através das bioquímicas que trabalharam em Goiânia e ter conhecido meu filho, veio numa tarde no stand do LID, quando eu estava sozinho e me fez uma proposta de emprego. Ele queria que eu fosse para o Pardini mais rápido possível e ofereceu um ótimo salario e todas as garantias trabalhistas, carro, hospedagem e comissão sobre o resultado alcançado. Aceitei de imediato.

Terminado o congresso, retornei a São Paulo e fui falar com a Diretoria do LID sobre a proposta que havia recebido e aceitado do Laboratório Hermes Pardini. Não deu outra. Virei inimigo no minuto seguinte. Foi um sufoco receber o salario do mês, mas mesmo assim, deixei a empresa e nunca mais, mesmo se encontrando em congressos, eles conversaram comigo. Quando havia a coincidência de estarmos na mesma hora , no mesmo ambiente, eles viravam as costas. Enfim, nunca mais conversarmos e a carreira do meu outro filho ainda sobreviveu por mais uns meses, mas ele também acabou saindo.
Unidade Aymores - Era a central do Pardini em 1995

Quando cheguei no Pardini, fiquei encantado com o tamanho da empresa. Trabalhava muita gente e o movimento era infinitamente maior que o do LID, mas era muito desorganizado, com rotinas ultrapassadas e o setor que eu fui contratado para gerenciar, tinha apenas 06 pessoas e ficava embaixo de uma escada. Cheguei a me perguntar se havia feito a escolha certa, pois mesmo sendo grandioso, a estrutura, no todo, era muito bagunçada.

No dia seguinte, fui chamado ao Departamento Pessoal, onde conheci uma pessoa que se tornou um grande amigo, dentro e fora da empresa, Jorge Goston. Ele, na época, era o responsável pelo Recursos Humanos da empresa e me explicou o funcionamento da empresa , as regras, os objetivos e principalmente o que a empresa esperava de mim. Foi tudo legal até que apresentou um contrato de trabalho com prazo de validade de 45 dias, renováveis por mais 45 dias. Confesso que gelei ao ver aquilo. Havia deixado um emprego onde eu era o manda chuva e estava assinando um contrato, que se algo desse errado, estaria desempregado  45  dias depois.
Dr. Hermes Pardini - Um dos maiores empresarios do Brasil.

Estes primeiros 90 dias foram os mais tensos da minha vida, pois, mesmo querendo fazer, faltava estrutura na empresa. Não havia comando. Não tinha a quem se reportar e ainda não tinha carta branca para realizar o meu trabalho. Neste ínterim, houve um acontecimento que contribuiu muito, vejo isso agora, para o meu  e para o sucesso da empresa. Uma das bioquímicas que eu havia conhecido em Goiânia, que também trabalhou para eu ser contratado, foi sumariamente demitida. Ai, eu perdi todo meu ponto de apoio. Agora estava literalmente sozinho, numa empresa que tinha mais de 800 funcionários.

Mas diz o ditado, que Deus escreve certo em linhas tortas. A partir daí passei a ter contato direto com o Dr. Hermes, que designou o Jorge para ser meu parceiro no projeto e ai as coisas começaram acontecer, mas isto é assunto para outras historias.




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