Com a contratação da Cleide em Fortaleza e o Manoel como agente de
publicidade numa radio FM de Fortaleza, meu trabalho naquela cidade ficou fácil
e depois de uns dias por lá, parti para novos horizontes. O foco era melhorar a
rentabilidade do Rio de Janeiro, que tinha um grande potencial a ser explorado.
Apolo - Era um carrão na epoca. |
Eu precisava de um carro para trabalhar e o LID, embora já tivesse
comprado um carro para Fortaleza, ainda não tinha o meu. Fazia as viagens com o
carro que tivesse a disposição, as vezes era um bom carro, as vezes uma sucata.
Certo dia, me chamaram para conversar a respeito e disseram que iriam me
fornecer um carro quando retornasse de uma viagem aos Estados Unidos e neste
período eu poderia utilizar o carro da filha deles, um automóvel Apolo, semi
novo. Mas antes de pegar o veiculo, o famoso sermão: todo cuidado do mundo,
pois minha filha não sabe que o carro vai ser usado, etc...
Como havia dito na capitulo anterior, eu tinha arrumado emprego para
meu filho Evandro para trabalhar no interior de São Paulo e quebrando uma regra
de não contratar parente, o LID me contratou também. Eramos os únicos parentes
na empresa.
Terminada a semana, eu pego o automóvel
Apolo da filha do dono da empresa, que já estava meio derrubadinho, mas
era muito melhor que os Gols que a empresa as vezes me emprestava e fui para
casa. Cheguei a noite e todos ficaram
curiosos em ver o carro, o que era perfeitamente normal, afinal, depois de
quase 04 meses, era a primeira vez que eu ia para casa com o carro da empresa. Antes era
ônibus na sexta e na segunda para voltar.
No final de semana, a família estava toda reunida na minha casa. Havia nascido
minha segunda neta, filha do Evandro. Num determinado momento, ele precisou ir
a casa dele, que ficava cerca de 10 quilômetros da minha e pediu para ir com o
carro Apolo. Meio ressabiado, concordei e ele foi com sua esposa e deixaram a
netinha que havia nascido a poucos dia conosco. Era para eles voltarem no
máximo em meia hora, mas começou a demorar o retorno, quando batem palma no portão
de casa.
- Seu filho bateu o carro na marginal e esta preso nas ferragens.
Panico total! Fomos correndo para o local do acidente e lá chegando eles
já haviam sidos retirados do carro e estavam com ferimentos leves, mas o carro
estava destruído. Olha como foi: A marginal tem diversas curvas, sendo uma
delas bem fechada e ao se aproximar dela ou o freio falhou ou meu filho teve
algum mal súbito, chocando o carro
violentamente na traseira de um carro da policia civil, com 04 ocupantes e jogando
o carro da policia dentro do riozinho que
corta a marginal. Foi uma queda de uns dois metros.Ainda com carro
descontrolado, o Apolo foi de encontro de um muro de uns 4 metros de altura,
que com o impacto, caiu parte dele sobre o veiculo, afundando o capô e o teto do veiculo. Perda total.
O carro era outro, mas o estrago foi igual |
Os policiais queria prender meu filho por achar que ele estava
embriagado e tive que entrar no meio, me comprometer a ressarcir as despesas e
tive sorte que um dos policiais conhecia minha família e ajudou a apaziguar o
ambiente. Minha nora ficou tão abalada,
que teve que fazer um tratamento para não perder o leite para amamentar a minha
neta recém nascida.
Bem, passado o susto, o carro foi guinchado para uma concessionaria e eu
voltei a ficar a pé e de repente, o que estava se mostrando ser um caminho de prosperidade,
num momento, virou um pesadelo. Precisava contar para a empresa o que havia
acontecido e com isso eu e meu filho poderíamos ser demitidos, mas quando
relatei o ocorrido, eles ficaram bravos, mas entenderam e continuamos
trabalhando. Para meu filho compraram um Fiat Uno zero e eu ganhei de presente
para trabalhar, um automóvel Lada, semi novo.
Meu carro, Lada. Quebrava e faltava peças |
Trabalhei com este carro um bom tempo. Quando quebrava, faltava peças de
reposição e então tinha que fazer gambiarras para o carro continuar rodando. Um
dia, no Rio de Janeiro, emprestei o carro para o vendedor ir ao aeroporto
Santos Dumont buscar uma mercadoria. No caminho, ele perdeu o controle do
veiculo e se chocou contra um poste de iluminação e a luminária, que parece
pequena vista de baixo, caiu sobre o capô do veiculo, atingindo até a parte de
cima do motor. Perda total. Mais uma vez eu estava sem carro.Me arrumaram, tempos depois um gol, aquele com a frente quadrada, e este
carro foi meu companheiro por muito tempo e viajei milhares de quilometros sem
nenhum problema.
Goiânia - Uma linda cidade |
Estava na epoca do congresso anual da SBAC – Sociedade Brasileira de
Analises Clinicas e desta vez, na cidade de Goiânia e o LID iria participar. Eu
lá chegando, notei que nosso stand ficava ao lado do stand do Instituto Medico
Hermes Pardini e lá eles estavam sendo representados por duas biomédicas, que acabei ficando amigo de ambas e sugeri a elas a possibilidade
de contratar meu outro filho, o Fernando para fazer o serviço de coleta, como meu filho Evandro fazia pelo
LID. Percebi que haviam gostado da ideia, e a partir deste momento fui o maior
cavalheiro da historia: durante o tempo
do congresso, eu as pegava no hotel pela manhã, levava-as para almoçar, para
jantar, para sair a noite. Não desgrudei um minuto delas. Fui, na verdade, um
guia turístico. Onde elas quisessem ir, lá estava eu para ajuda-las.
Terminado o congresso, voltei para a rotina , mas não deixei de
pertuba-las com a idéia de contratar meu filho. Mandava para elas roteiros,
listagem de possíveis clientes, quanto custaria o projeto, enfim, dava toda consultoria para fazerem no Pardini o que eu
tinha começado a fazer no LID. Já se aproximava o final do ano de 1995, quando
recebi um telefonema do Pardini, pedindo para meu filho ir até Belo Horizonte
para fazer entrevista, treinamento e contratação. Fiquei extasiado de alegria, mas preocupado,
pois o Fernando era ainda motorista inexperiente. Tinha pouco tempo de carteira
e nunca havia dirigido em estradas.
Chegando em Belo Horizonte, foi muito bem recebido e ficou uns 03 dias
fazendo um treinamento e finalmente decidiram que ele iria trabalhar na Região
de Pouso Alegre e deram a ele um carro,
dinheiro para a viagem e reservaram um hotel na cidade para ele morar até
conseguir mudar para a região, o que aconteceu meses depois, quando mudou para
a cidade de Mogi Mirim.
A vida seguiu, as festas natalinas de 1995 foram perfeitas. Eu e meus
filhos estávamos trabalhando e tínhamos muito o que comemorar. E foi realmente um final de ano muito feliz.
Logo no inicio de 1996, iria acontecer um Congresso Brasileiro de
Endocrinologia, no Centro de Exposição de Salvador, congresso que normalmente os laboratórios não
participavam, mas como estava em alta pedir exames hormonais pelos médicos
endocrinologistas, o LID resolveu montar um stand neste evento. O mesmo
aconteceu com um grande laboratório de São Paulo, que era líder de mercado na
época, a CRIESP, além do Instituto Hermes Pardini, que mais uma vez ficamos
próximos e foi lá que tudo mudou.
Centro de Convenção de Salvador |
Meu filho já estava trabalhando a cerca de 02 meses e estava indo bem.
Eu não conhecia o Dr. Hermes Pardini, mas ele, através das bioquímicas que
trabalharam em Goiânia e ter conhecido meu filho, veio numa tarde no stand do
LID, quando eu estava sozinho e me fez uma proposta de emprego. Ele queria que
eu fosse para o Pardini mais rápido possível e ofereceu um ótimo salario e
todas as garantias trabalhistas, carro, hospedagem e comissão sobre o resultado
alcançado. Aceitei de imediato.
Terminado o congresso, retornei a São Paulo e fui falar com a Diretoria
do LID sobre a proposta que havia recebido e aceitado do Laboratório Hermes
Pardini. Não deu outra. Virei inimigo no minuto seguinte. Foi um sufoco receber
o salario do mês, mas mesmo assim, deixei a empresa e nunca mais, mesmo se
encontrando em congressos, eles conversaram comigo. Quando havia a coincidência
de estarmos na mesma hora , no mesmo ambiente, eles viravam as costas. Enfim,
nunca mais conversarmos e a carreira do meu outro filho ainda sobreviveu por
mais uns meses, mas ele também acabou saindo.
Unidade Aymores - Era a central do Pardini em 1995 |
Quando cheguei no Pardini, fiquei encantado com o tamanho da empresa.
Trabalhava muita gente e o movimento era infinitamente maior que o do LID, mas
era muito desorganizado, com rotinas ultrapassadas e o setor que eu fui
contratado para gerenciar, tinha apenas 06 pessoas e ficava embaixo de uma
escada. Cheguei a me perguntar se havia feito a escolha certa, pois mesmo sendo
grandioso, a estrutura, no todo, era muito bagunçada.
No dia seguinte, fui chamado ao Departamento Pessoal, onde conheci uma
pessoa que se tornou um grande amigo, dentro e fora da empresa, Jorge Goston.
Ele, na época, era o responsável pelo Recursos Humanos da empresa e me explicou
o funcionamento da empresa , as regras, os objetivos e principalmente o que a
empresa esperava de mim. Foi tudo legal até que apresentou um contrato de trabalho
com prazo de validade de 45 dias, renováveis por mais 45 dias. Confesso que
gelei ao ver aquilo. Havia deixado um emprego onde eu era o manda chuva e
estava assinando um contrato, que se algo desse errado, estaria
desempregado 45 dias depois.
Dr. Hermes Pardini - Um dos maiores empresarios do Brasil. |
Estes primeiros 90 dias foram os mais tensos da minha vida, pois, mesmo
querendo fazer, faltava estrutura na empresa. Não havia comando. Não tinha a
quem se reportar e ainda não tinha carta branca para realizar o meu trabalho.
Neste ínterim, houve um acontecimento que contribuiu muito, vejo isso agora,
para o meu e para o sucesso da empresa.
Uma das bioquímicas que eu havia conhecido em Goiânia, que também trabalhou
para eu ser contratado, foi sumariamente demitida. Ai, eu perdi todo meu ponto
de apoio. Agora estava literalmente sozinho, numa empresa que tinha mais de 800
funcionários.
Mas diz o ditado, que Deus escreve certo em linhas tortas. A partir daí
passei a ter contato direto com o Dr. Hermes, que designou o Jorge para ser meu
parceiro no projeto e ai as coisas começaram acontecer, mas isto é assunto para
outras historias.
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