Samuel e Georgia - Grandes amigos |
A
ultima publicação do blog teve um record de visualizações. Foram quase 500. Foi
muito mais que acontecia, pois a média era em torno de 60 por publicação.
Mérito total a pessoa homenageada. Jacira Moreno, minha gratidão por ter-me
permitido contar apenas parte de sua linda historia. Você mereceu todos os
comentários recebidos de seus amigos.
Mas
temos que seguir em frente, pois a fila ainda está grande. Hoje vou escrever
sobre a Região Amazônica, focando basicamente em 04 cidades: Manaus, Santarém,
Boa Vista e Belém. Tudo que constar neste capitulo foram momentos inesquecíveis
que passei ao lado de pessoas talentosas, a quem presto nestas linhas minha
singela homenagem.
O sonho do amazonense. Torcer para um dos Bois. |
Tinha
como proposito iniciar a região norte. Optei por começar em Manaus. Não ia à
aquela cidade a muitos anos e a conhecia muito superficialmente. Quando cheguei
no aeroporto, bateu a lembrança do tempo de LTN, mas eu estava ali com outro
proposito. Instalar uma frente de trabalho para o Laboratório Pardini. Na
cidade já tinhamos clientes ativos. Ainda em Belo Horizonte, liguei para um
deles e pedi para receberem e guardarem o material de trabalho até minha
chegada. Eram diversos catalogos, material de coleta, requisições, enfim, uma
boa quantidade de produtos, que foram
enviados dias antes da minha partida.
Depois
de estar instalado num hotel próximo a Zona Franca e ter alugado um carro para
visitar os laboratórios da cidade, fiquei a tarde toda mapeando a cidade,
marcando o roteiro que pretendia fazer, mas o mais importante era contratar um
vendedor.
Em primeiro plano, minha primeira ajuda em Manaus Andreia Benzecry |
Fiz
duas visitas e ninguém foi indicado. Na terceira visita, conheci a Andreia
Benzecry, dona de um tradicional laboratório. Fui muito bem recebido e durante
a conversa ela sugeriu que eu entrevistasse o seu irmão Samuel, que estava
desempregado. Concordei em conhece-lo e marcamos um encontro para logo mais a
tarde. Quando ele chegou, fiquei aliviado, pois ele tinha o perfil de vendedor
que eu havia imaginado para Manaus. Acertamos os detalhes e ele passou a ser o
representante Pardini naquela região. Foi uma ótima contratação. Ele permaneceu
na empresa vários anos, sempre com bom desempenho.
Manaus,
para quem ainda não teve oportunidade de conhecer, é uma grande cidade,
moderna, com um enorme parque industrial, um comércio forte, devido a Zona
Franca e também a industria do turismo. Situado às margens esquerda do Rio
Negro, fica distante do inicio do Rio Amazonas uns 15 quilômetros. Por ser uma
cidade distante de outras capitais, só se chega a Manaus de avião ou barco.
Estrada somente uma que leva até Boa Vista e segue até a cidade de Santa
Helena, já na Venezuela e outra que vai até Itacoatiara. Agora tem uma que leva
até Porto Velho, mas noticias atuais informam que esta intransitável.
Encontro das águas do Rio Negro e Solimões |
Numa
das viagens que estive em Manaus, tinha que ir na sequencia para Boa Vista,em Roraima. Nesta epoca já tínhamos um escritório montado naquela cidade e uma secretária
eficiente, que ajudava o Samuel na coleta dos exames. Eu estava programado para
fazer a viagem até Boa Vista de avião, mas pelo espirito de aventura, resolvi
faze-la de carro. O Samuel tinha um chevette e combinamos que iriamos sair cedo
para chegar ao entardecer na capital do Acre.
Iniciamos
a viagem pela BR-174 por volta de 09 horas e ao chegar na primeira cidade, Presidente
Médici, resolvemos não abastecer, contando que encontraríamos mais postos pela
estrada. Seguimos a viagem tranquilos até a chegada da reserva indígena Waimiri-Atroari,
controlada pelo Exercito. Fomos parados e instruídos que não poderíamos parar
em parte alguma da estrada dentro da reserva, pois poderíamos ser hostilizados pelos índios que lá habitavam. Não havia socorro, não havia nada. Era acelerar
e atravessar os 160 quilômetros de estrada sem nenhuma parada. Normalmente,
você percorre uma distancia desta em uma hora e pouco, mas dentro da floresta é
diferente. Primeiro, devido a quantidade e altura das árvores, tivemos que
fazer toda a viagem de farol ligado. Não tinha espaço para o Sol jogar sua luz
na estrada, salvo em pequenos trechos. Mata fechada o trecho todo. Não vimos
uma alma viva, nem índios, nem bichos. Creio que foi mais pressão dos soldados do exercito que nos pararam. Mas durante a travessia, que durou
quase 02 horas, o coração batia acelerado.
Quando
terminamos a travessia da reserva, tinha um pequeno posto de gasolina, mas sem
gasolina. Era apenas uma bomba de gasolina ao relento e uma cabaninha, onde funcionava um boteco.. Não tinha nada. Compramos um refrigerante e
tivemos a informação que a 120 quilômetros à frente tinha um posto de gasolina.
Nesta altura, o odômetro marcava meio tanque e ainda faltava mais de 400
quilômetros para chegar. O combustível iria acabar antes. Seguimos viagem,
atravessamos a Linha do Equador e quando chegamos no tal posto, para nossa
decepção e preocupação, também não havia gasolina para vender. Ainda restava
uns 300 quilômetros para chegar e pouco mais que um quarto de gasolina. Ai
começou realmente a aventura. Começamos atravessar dezenas de igarapés, todos,
literalmente todos, com as pontes quebradas. Cada uma delas tinha um jeito de
atravessar, até passando pelo igarapé, com a água chegando no assoalho do carro,
mas o que mais preocupava ainda era o combustível. Estava acabando.
Marco do linha do Equador |
Começamos
a dirigir em ponto morto. Acelerava o carro até ganhar velocidade e ai jogava
ponto morto e deixava ir até quase parar e depois acelerava novamente. Uma hora
fiz um teste e desliguei o motor e rodamos um longo trecho com o carro
desligado e passamos a trabalhar desta maneira, mas mesmo assim, o combustível
estava acabando. De repente, acende a luz de reserva e ainda faltava uns 80 quilômetros para Boa
Vista. Tinha começado a chover e ficar escuro. O movimento na estrada era
minimo, de vez em quando cruzava um caminhão, era um deserto, só que em vez de areia, eram arvores. Já estávamos conformados com a idéia de ter que dormir no carro,
quando do nada, aparece uma luzinha. Era
um posto de gasolina. Chegamos lá praticamente com 100 ml de combustível no
tanque. Foi um presente da Deus.
Só
de imaginar dormir a noite ao relento, em plena Floresta Amazônica, já é bem
complicado, agora se realmente tivesse acontecido, hoje, certamente, estaria
contando uma historia de terror. Chegamos em Boa Vista por volta de 19:00 horas.
Lamentei muito ter vindo de carro. Poderia até voltar de avião e deixar o
Samuel voltar sozinho, mas ai seria muita sacanagem.
Trabalhamos
quatro dias em Boa Vista, contratamos uma vendedora, visitamos todos os
laboratórios da cidade e retornamos a Manaus. Enchemos o tanque e pelos
cálculos, daria para chegar em Presidente Figueiredo. Lá colocaríamos
gasolina novamente e chegaríamos à Manaus. Só que quem quer voltar para
casa, sempre anda um pouco mais depressa. Essa parece ser a regra. Foi o que aconteceu.
Voltamos um pouco mais rápido e não tivemos a preocupação de economizar e não deu outra. A 15 quilômetros de Presidente
Figueiredo a gasolina acabou. Paramos no acostamos e o Samuel pegou uma carona
e foi até a cidade buscar combustível. Por conta disso chegamos em Manaus já
bem a noite.
Manaus
sempre me trás grandes recordações, mas contarei isto no próximo capitulo, como o passeio que fiz de canoa pelo Rio Negro até o encontro das águas e um super churrasco em plena selva, na companhia de mais de 40 pessoas e uma das melhores historias por mim vividas, que foi a viagem de barco de Manaus a Belem, mas
para justificar o titulo, recordo certa feita no Centro de Convenções de
Manaus, o encontro entre os grupos folclóricos Caprichoso e Garantido. É como
uma disputa de final de campeonato brasileiro. Arquibancadas lotadas, os
Caprichosos, vestidos de azul e o time do Garantido de vermelho, a cor que o
Samuel usava tocando um enorme bumbo, junto com sua esposa Georgia.
No
próximo capitulo tem mais.
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