Manaus - A capital do Estado da Amazonas |
Fiz diversas viagens para Manaus e em todas sempre teve um algo mais de aventura, embora tivesse muitas atividades profissionais durante a semana. Não pretendo contar neste capitulo nada sobre o trabalho, mas sim sobre os encantos desta região do Brasil. No capitulo anterior, foquei um pouco sobre meu grande amigo Samuel e neste capitulo também citarei fatos que ocorreram nesta grandiosa cidade da região norte do Brasil.
Numa
viagem cheguei a Manaus num momento que
a cidade estava sofrendo muito com as queimadas, tanto que quando o avião se
aproximava da pista de pouso, somente a poucos metros do chão foi possível ver
a vegetação em torno do aeroporto. A fumaça era tanta que conversando com um
dos tripulantes da aeronave ele disse que naquelas condições, o pouso somente
poderia ocorrer por instrumentos, pois não se enxergava nada da cabine da
aeronave.
Também,
devido as queimadas, a energia elétrica da cidade era fornecida por usinas
movidas à óleo e com isso havia um racionamento em toda cidade. No hotel que eu
estava hospedado a força era desligada às 9:00 horas e religadas às 17:00
horas. Eu, nesta viagem, fiquei por lá uns 20 dias.
Num
final de semana, minha esposa veio me visitar. Eu estava fora de casa à quase
03 meses e enquanto eu saia para trabalhar, ela ia passear nas lojas da Zona
Franca e numa vez, ela resolveu jogar no bicho. Apostou R$ 5,00 no Pavão e para
sua surpresa, a tarde, quando passou no cambista, soube que havia ganhado R$
100,00. Vocês nem podem imaginar a
alegria dela. Sorte de principiante, pois até aquele dia nunca havia jogado.
O
final de semana foi muito agitado. O Samuel tinha arrumado com um guia
canoeiro, um passeio pelo Rio Negro até o encontro com o Rio Solimões, dando
inicio ao Rio Amazonas. Foi um passeio inesquecível, pois além de chegarmos bem
no meio dos rios, onde as águas não se misturam, tivemos oportunidade de
conhecer as vazantes dos rios, chamados de “parana”, onde moram muitos
ribeirinhos. Depois, fomos levados por dentro da floresta, por caminhos que o guia
conhecia, até um restaurante instalado num tablado flutuante em um grande lago.
Foi servido uma das melhores refeições de peixe que se podia esperar. Rodizio
de tucunaré, tambaqui e pirarucu e muita cerveja.
Voltamos
para Manaus no final do dia e já tínhamos um programa legal para o dia seguinte. Era a comemoração do Dias dos Pais e iriamos subir o Rio Negro num
barco de 18 metros, pertencente ao um parente do Samuel. Foi inesquecível fazer
um churrasco numa praia deserta de areias brancas na companhia de mais 30
pessoas. Junto com o barco, o parente da Samuel levou também uma lancha e um
jet sky e foi a primeira e ultima vez que tive oportunidade de dirigir uma lancha,
por pouco tempo, e dar uma volta de jet sky.
Aqui é o paraíso na Terra; |
Comprei
um camarote neste navio e o preço era muito barato considerando o tempo de
viagem, com refeições inclusas. Não tive a curiosidade de conhecer o navio
antes da partida e quando cheguei no porto para embarcar, a noite, notei que se tratava de um
catamarã, todo de ferro, com uns 50 metros de comprimento e uns 15 metros de
altura. O Samuel me ajudou a levar a bagagem até o camarote e ai notei que
haviam apenas dois apartamentos para passageiros do lado direito do navio e
dois do lado esquerdo. Eu ocupei um deles e uma família ocupou o outro. Esta
família fez um trecho curto, somente até Parintins. Do outro lado, os camarotes
eram utilizados pela tripulação. Por outro lado, em dois pavimentos abaixo do
plano onde estavam os camarotes e a sala de comando do navio, haviam mais de
700 pessoas, todas em redes.
Era
uma cena chocante e me senti muito mal em ver aquilo. Eu usando um apartamento
com cama espaçosa, ar condicionado e logo abaixo, 700 pessoas em rede, sofrendo
com o calor, chuva e com a falta de higiene, pois os banheiros eram imundos.
Mas era muito barato. Não tenho idéia da epoca, mas se colocarmos no valor de
hoje, eu teria pago pelo camarote por 05 dias, com refeições inclusas um valor
semelhante a R$ 450,00, enquanto os que viajavam na rede estariam pagando um
valor equivalente a R$ 150,00
.
Na
cobertura, quase ao lado dos camarotes, funcionava uma lanchonete e lá era o
encontro do pessoal. Com o calor intenso, o consumo de cerveja era bem alto e fiquei
muito amigo da tripulação, depois de pagar algumas duzias de cervejas para eles. A viagem é linda e recomendo a todos um
dia, se puderem que a façam. O Rio Amazonas é magico. Tem lugares que ele tão
largo, que não se consegue enxergar a outra margem e tem um trecho, que ele
fica estreito, perto de 02 quilômetros de largura, mas neste ponto, perto da
cidade de Óbidos, a profundidade, chega a mais de 1500 metros.
A
primeira escala foi na cidade de Parintins, a capital brasileira do Festival do
Boi. A parada ali foi rápida. Cerca de duas horas, mas foi o suficiente para
conhecer rapidamente uma pedacinho da cidade, onde prevalece, nas casas, as
cores vermelha ou azul, dependendo de que time o morador é torcedor. Se do Boi
Garantido (vermelho) ou do Boi Caprichoso (azul). Todo ano, ali é realizado um
festival, que se assemelha muito com o Carnaval do Rio de Janeiro, onde existe
a disputa do melhor desfile entre as duas agremiações.
Fruto da Açai |
Outra
cena que ficou gravada na memória foram as crianças dos ribeirinhos. Pilotando
uma pequena canoa, meninos e meninas, alguns com idade aparente de 05 anos, iam
de encontro ao navio e ficavam acenado para os passageiros jogarem coisas para
eles. Parece que já era um costume estabelecido, pois eram atirados dezenas de
sacos plásticos, uns com roupa, outros com comida e ai se notava a pericia
daquelas crianças em manobrar suas canoas para recolher os pacotes lançados.
A
viagem que durou 05 dias, teve muitos momentos inesquecíveis, mas não posso
deixar de relatar a parada do navio em Santarém. Ali ficamos parado por umas 05
horas, tempo necessário para o navio ser carregado com uma enorme carga de
peixes, Dentro do navio havia uma grande câmara frigorifica e os peixes eram
retirados de caminhões estacionados num plano mais alto e jogados diretos para
o navio através de uma rampa feita especialmente para isso. Não consigo
imaginar a quantidade de peixes e tamanhos que
foram embarcados, mas eram muito peixes.
Mas o que me chamou mais a atenção foi o que vi no Porto de Santarém: uma floresta de madeira cortada (mogno), embalada, pronta para ser embarcada para a Europa. Podem imaginar uma linha de uns 150 metros de comprimento, por uns 05 metros de altura e 05 de largura. Bem este era o volume de madeira que estava a espera de um navio para ser enviado para algum pais europeu. Fiquei indignado com a cena, mas creio que a mesma se repete até os dias de hoje.
Para
completar a viagem, até a chegada à Belém, tenho que relatar como era servido
as refeições. A comida era igual para todos, tripulação e passageiros. Eram
servidos num grande salão em horarios previamente agendados. Café da manhã,
almoço e jantar. Mas o diferente era o tratamento. Dentro do salão, havia uma
pequena sala, toda fechada com vidro e com ar condicionado. Alí é que era
servido as refeições para a tripulação e para mim, o único passageiro que
viajava nos camarotes. Os outros passageiros também eram servidos, mas em mesas
colocadas ao longo do salão, sujeitos às intempéries do tempo.
Finalmente
chegamos a Belém e lá fui recebido pela vendedora Ana Maria Melo, que eu havia
contratado em um outra viagem, mas esta é uma historia que irei contar em detalhes no próximo capitulo.
Abraços
Meu amigo!
ResponderExcluirComo sempre a sua história faz com que imaginamos cada detalhes.
Continue enfrente…parabéns!🥰😘