sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

AMAZONIA – UM MUNDO VERDE. UM MUNDO DE SONHOS E FANTASIAS

Manaus - A capital do Estado da Amazonas

Fiz diversas viagens para  Manaus e em todas sempre teve um algo mais de aventura, embora tivesse muitas atividades profissionais durante a semana. Não pretendo contar neste capitulo nada sobre o trabalho, mas sim sobre os encantos desta região do Brasil. No capitulo anterior, foquei um pouco sobre meu grande amigo Samuel e neste capitulo também citarei fatos que ocorreram nesta grandiosa cidade da região norte do Brasil.

Numa viagem  cheguei a Manaus num momento que a cidade estava sofrendo muito com as queimadas, tanto que quando o avião se aproximava da pista de pouso, somente a poucos metros do chão foi possível ver a vegetação em torno do aeroporto. A fumaça era tanta que conversando com um dos tripulantes da aeronave ele disse que naquelas condições, o pouso somente poderia ocorrer por instrumentos, pois não se enxergava nada da cabine da aeronave.

Também, devido as queimadas, a energia elétrica da cidade era fornecida por usinas movidas à óleo e com isso havia um racionamento em toda cidade. No hotel que eu estava hospedado a força era desligada às 9:00 horas e religadas às 17:00 horas. Eu, nesta viagem, fiquei por lá uns 20 dias.


Num final de semana, minha esposa veio me visitar.  Eu estava fora de casa à quase 03 meses e enquanto eu saia para trabalhar, ela ia passear nas lojas da Zona Franca e numa vez, ela resolveu jogar no bicho. Apostou R$ 5,00 no Pavão e para sua surpresa, a tarde, quando passou no cambista, soube que havia ganhado R$ 100,00. Vocês nem  podem imaginar a alegria dela. Sorte de principiante, pois até aquele dia nunca havia jogado.

O final de semana foi muito agitado. O Samuel tinha arrumado com um guia canoeiro, um passeio pelo Rio Negro até o encontro com o Rio Solimões, dando inicio ao Rio Amazonas. Foi um passeio inesquecível, pois além de chegarmos bem no meio dos rios, onde as águas não se misturam, tivemos oportunidade de conhecer as vazantes dos rios, chamados de “parana”, onde moram muitos ribeirinhos. Depois, fomos levados por dentro da floresta, por caminhos que o guia conhecia, até um restaurante instalado num tablado flutuante em um grande lago. Foi servido uma das melhores refeições de peixe que se podia esperar. Rodizio de tucunaré, tambaqui e pirarucu e muita cerveja.

Melhor rodizio de peixes da Amazonia

Voltamos para Manaus no final do dia e já tínhamos um programa legal para o  dia seguinte. Era a comemoração do Dias dos Pais e iriamos subir o Rio Negro num barco de 18 metros, pertencente ao um parente do Samuel. Foi inesquecível fazer um churrasco numa praia deserta de areias brancas na companhia de mais 30 pessoas. Junto com o barco, o parente da Samuel levou também uma lancha e um jet sky e foi a primeira e ultima vez que tive oportunidade de dirigir uma lancha, por pouco tempo, e dar uma volta de jet sky.
Aqui é o paraíso na Terra;
Voltamos para Manaus já no começo da noite e chegamos cansados no hotel, mas ainda sobrou tempo para tomar um tacacá, uma iguaria deliciosa, feita com goma de mandioca, tucupi, jambu e camarão. No dia seguinte, minha esposa voltou para São Paulo e eu fiquei trabalhando mais uns dias com o Samuel. Eu iria na sequencia para Belém e como teria uns dias de feriado, resolvi abrir mão da viagem aérea e ir de barco, viagem que demoraria 05 dias.


Comprei um camarote neste navio e o preço era muito barato considerando o tempo de viagem, com refeições inclusas. Não tive a curiosidade de conhecer o navio antes da partida e quando cheguei no porto para embarcar, a noite, notei que se tratava de um catamarã, todo de ferro, com uns 50 metros de comprimento e uns 15 metros de altura. O Samuel me ajudou a levar a bagagem até o camarote e ai notei que haviam apenas dois apartamentos para passageiros do lado direito do navio e dois do lado esquerdo. Eu ocupei um deles e uma família ocupou o outro. Esta família fez um trecho curto, somente até Parintins. Do outro lado, os camarotes eram utilizados pela tripulação. Por outro lado, em dois pavimentos abaixo do plano onde estavam os camarotes e a sala de comando do navio, haviam mais de 700 pessoas, todas em redes.


Era uma cena chocante e me senti muito mal em ver aquilo. Eu usando um apartamento com cama espaçosa, ar condicionado e logo abaixo, 700 pessoas em rede, sofrendo com o calor, chuva e com a falta de higiene, pois os banheiros eram imundos. Mas era muito barato. Não tenho idéia da epoca, mas se colocarmos no valor de hoje, eu teria pago pelo camarote por 05 dias, com refeições inclusas um valor semelhante a R$ 450,00, enquanto os que viajavam na rede estariam pagando um valor equivalente a R$ 150,00
.
Na cobertura, quase ao lado dos camarotes, funcionava uma lanchonete e lá era o encontro do pessoal. Com o calor intenso, o consumo de cerveja era bem alto e fiquei muito amigo da tripulação, depois de pagar algumas duzias de cervejas para  eles. A viagem é linda e recomendo a todos um dia, se puderem que a façam. O Rio Amazonas é magico. Tem lugares que ele tão largo, que não se consegue enxergar a outra margem e tem um trecho, que ele fica estreito, perto de 02 quilômetros de largura, mas neste ponto, perto da cidade de Óbidos, a profundidade, chega a mais de 1500 metros.
A cidade toda se veste de vermelho ou azul

A primeira escala foi na cidade de Parintins, a capital brasileira do Festival do Boi. A parada ali foi rápida. Cerca de duas horas, mas foi o suficiente para conhecer rapidamente uma pedacinho da cidade, onde prevalece, nas casas, as cores vermelha ou azul, dependendo de que time o morador é torcedor. Se do Boi Garantido (vermelho) ou do Boi Caprichoso (azul). Todo ano, ali é realizado um festival, que se assemelha muito com o Carnaval do Rio de Janeiro, onde existe a disputa do melhor desfile entre as duas agremiações.

Fruto da Açai
Seguindo a viagem, outro detalhe que me chamou a atenção foi o carregamento de açai. Em pontos já previamente combinados, o navio toca uma sirene e reduz a velocidade da embarcação. Nisso, pessoas manobrando canoas apenas no remo, se aproximam do navio, que não para, se amarram ao barco por cordas e transferem balaios cheios da fruta. Quando a operação termina, eles se soltam do navio e voltam para suas casas, todas casebres, à beira do Rio Amazonas, cercadas de arvores por todos os lados.  Este procedimento de se repetiu por diversas vezes durante a viagem e acontecia inclusive durante a noite. Quando o navio aportou em Belém havia mais de 100 balaios de açaí.

Outra cena que ficou gravada na memória foram as crianças dos ribeirinhos. Pilotando uma pequena canoa, meninos e meninas, alguns com idade aparente de 05 anos, iam de encontro ao navio e ficavam acenado para os passageiros jogarem coisas para eles. Parece que já era um costume estabelecido, pois eram atirados dezenas de sacos plásticos, uns com roupa, outros com comida e ai se notava a pericia daquelas crianças em manobrar suas canoas para recolher os pacotes lançados.



A viagem que durou 05 dias, teve muitos momentos inesquecíveis, mas não posso deixar de relatar a parada do navio em Santarém. Ali ficamos parado por umas 05 horas, tempo necessário para o navio ser carregado com uma enorme carga de peixes, Dentro do navio havia uma grande câmara frigorifica e os peixes eram retirados de caminhões estacionados num plano mais alto e jogados diretos para o navio através de uma rampa feita especialmente para isso. Não consigo imaginar a quantidade de peixes e tamanhos que  foram embarcados, mas eram muito peixes. 

Eram lotes como essses da foto. Mas em pilhas altas











Mas o que me chamou mais a atenção foi o que vi no Porto de Santarém: uma floresta de madeira cortada (mogno), embalada, pronta para ser embarcada para a Europa. Podem imaginar uma  linha de uns 150 metros de comprimento, por uns 05 metros de altura e 05 de largura. Bem este era o volume de madeira que estava a espera de um navio para ser enviado para algum pais europeu. Fiquei indignado com a cena, mas creio que a mesma se repete até os dias de hoje.

Para completar a viagem, até a chegada à Belém, tenho que relatar como era servido as refeições. A comida era igual para todos, tripulação e passageiros. Eram servidos num grande salão em horarios previamente agendados. Café da manhã, almoço e jantar. Mas o diferente era o tratamento. Dentro do salão, havia uma pequena sala, toda fechada com vidro e com ar condicionado. Alí é que era servido as refeições para a tripulação e para mim, o único passageiro que viajava nos camarotes. Os outros passageiros também eram servidos, mas em mesas colocadas ao longo do salão, sujeitos às intempéries do tempo.


Finalmente chegamos a Belém e lá fui recebido pela vendedora Ana Maria Melo, que eu havia contratado em um outra viagem, mas esta é uma historia que irei  contar em detalhes no próximo capitulo.

Abraços




Um comentário:

  1. Meu amigo!
    Como sempre a sua história faz com que imaginamos cada detalhes.
    Continue enfrente…parabéns!🥰😘

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