sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

NEM TUDO FORAM FLORES. LAGRIMAS TAMBÉM FIZERAM PARTE DA HISTORIA.

O Menino da Porteira - Simbolo da cidade de Ouro Fino - Sul de Minas Gerais

As historias que conto neste blog necessariamente não obedecem a ordem que exata que ocorreram, caso contrário ficaria sem muito ação.  Por isso, de vez em quando as épocas vão se misturar, mas os fatos contados foram todos verdadeiros.

Meu filho Fernando tinha-se mudado com a família para a cidade de Mogi Mirim e passou atender o Sul de Minas e cidades do interior de São Paulo. O material coletado era enviado no final do dia, via ônibus, para Belo Horizonte. Era tudo cronometrado. Qualquer atraso significava ter quer no final do dia até a cidade de Pouso Alegre despachar em outro horário. Embora não fosse tão distante, a viagem de ida e volta ficava próxima de 200 quilômetros e a estrada muito sinuosa, sempre oferecia perigo a cada curva.

Região do Sul de Minas

Ele estava se desenvolvendo bem e conseguindo um bom movimento financeiro na região, mas os clientes passaram a cobrar que as coletas dos exames passassem a serem feitas diariamente, o que não acontecia em nenhuma região ate então. Tive uma longa conversa com a diretoria da empresa e finalmente eles concordaram em criar um novo cargo: coletador.

Este cargo previa apenas ter um funcionário para fazer a coleta das amostras, sem a preocupação de efetuar vendas ou procurar novos laboratórios. Com isso, a função que o Fernando exercia até então de vender e coletar, ficou mais fácil e permitiu aumentar ainda mais sua área de atuação. Passou a focar seus esforços na  região do Estado de São Paulo, enquanto seu auxiliar, o Rony, ficava responsável pela coleta nos laboratórios da região do Sul de Minas.

No inicio, ainda havia a necessidade de um processo burocrático de separação, conferencia de requisição antes do envio das amostras. Com isso, todo dia a tarde, o Rony se encontrava com o Fernando em Mogi Mirim. Esta parceria durou vários meses e estava funcionando muito bem.

Num certo dia, era um feriado, o Rony apareceu na casa do Fernando, junto com um amigo para mostrar um novo carro que havia adquirido. Estava muito feliz, cheio de planos e ao se despedir a tarde, estava dando um adeus definitivo. Cerca de meia hora depois chocou-se violentamente contra um cavalo que atravessava a pista, vindo ter morte instantânea. Seu amigo ficou bastante ferido, mas sobreviveu. Foi a primeira morte que eu enfrentava  na minha vida de viajante, agora como gerente de um laboratório. Infelizmente, durante ao tempo que estive à frente do Departamento Comercial do Pardini,  tive que enfrentar mais 05 mortes de grandes vendedores.

Foram dias tristes que se seguiram. A empresa esteve presente, seu todo apoio a família, mas o bem maior tinha partido para sempre. Deixou somente boas recordações.

A vida segue. Precisava fazer a contratação de uma nova pessoa e resolvemos então criar uma nova região, baseada em Pouso Alegre, onde seria contratado um novo vendedor para atender toda a região, estendendo a atuação para a região de Poços de Caldas. Com isso, o Fernando, que estava baseado em Mogi Mirim, ficaria responsável pelo desenvolvimento da região de Campinas e faria a supervisão da região do sul de Minas.
Pouso Alegre - cidade prospera do Sul de Minas

Feito o anuncio para selecionar o candidato através do SINE, fui a Pouso Alegre entrevistar os candidatos. Apareceram 12. 11 homens e uma mulher. Fomos bastante exigentes no critério de seleção, pois o RH do Laboratório Pardini tinha duas psicologas que validavam ou não a contratação, muito diferente da epoca do LID, onde minha escolha é a que prevalecia.

No final, acabamos optando pela mulher. Soeli Silva. A escolha foi tão acertada que até hoje ainda continua na empresa com quase 18 anos de trabalho. Mas o começo foi desastroso. Após ser definida como nova representante, ela teria um treinamento de campo com o Fernando,  uns 10 dias, até que ela pudesse ficar sozinha.

Um ponto que sempre considerávamos numa contratação, principalmente numa mulher, era seu estado civil. Se a mesma estivesse noiva, com pretensão de casar em breve, de ter filhos, por melhor que fosse, não contratava. Explico o motivo. Todas as regiões eram formadas por apenas 01 vendedor. Se uma mulher engravidasse eu criaria um grande problema para mim e para a empresa. No caso da Soeli, embora ainda fosse solteira na epoca, ela mostrava uma força, uma energia, que me fez confiar inteiramente nela, mas esqueci um pequeno detalhe, que quase foi fatal. Embora tivesse carro e carteira de motorista, não sabia dirigir. E isto não foi em momento algum comentado na entrevista inicial, mas serviu para outras entrevistas futuras.

Tudo pronto para iniciar os trabalhos, Soeli ao volante e o Fernando ao lado e partem em direção de Itajubá. Já nos primeiros quilômetros, o Fernando me contou depois, ele já notava um grande nervosismo por parte da Soeli, que demonstrava não ter a menor idéia de como dirigir numa estrada e não deu outra. Alguns quilômetros à frente, ela perdeu o controle do veiculo  e desceu uma ladeira com o carro desgovernado, parando dentro de um riacho. O Fernando, por ser um homem grande, conseguiu se segurar e sofreu somente algumas escoriações, mas a Soeli, por ser pequena, ela foi batendo a testa no volante, causando vários ferimentos. Fraturou um braço e mais algumas escoriações. Foi o fim do trabalho.


Eu estava neste dia na cidade de São Paulo e tão logo soube do acidente me dirigi para Santa Rita de Caldas, onde estavam hospitalizados. Encontrei o Fernando já em pé, mas a Soeli ainda ficou vários dias acamada. Quando tudo terminou, ela estava preocupada em perder o trabalho, mas fiz o que devia ter feito desde o inicio. Voltei a deixar o Fernando trabalhando com ela por mais uns 20 dias, mas ele era quem dirigia e devagar foi deixando ela ir treinando e perdendo o medo de estrada. 

Tempos depois, já bem experiente, a empresa montou um escritório regional naquela cidade  e ela teve sua própria equipe.

Hoje, ela ainda roda por aquelas estradas do Sul de Minas. Nunca mais teve nenhum acidente. Chegou a trabalhar por um tempo na cidade do Rio de Janeiro, em Brasilia, mas preferiu voltar para sua terra, onde hoje vive com seu marido e dois filhos.
Grande mulher, embora seja bem pequena de tamanho.

Continua.




2 comentários:

  1. Luis, achei sua história emocionante e super divertida. Parabéns pela forma como escreve.

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  2. Luiz, eu ainda estou aqui comentando esse ano 20 anos de empresa e acompanha. Do toda sua evolução. Mas sou muito grata por todos que passaram e fazem parte da. Minha história profissional dentro da empresa. Soeli aposentou e resolveu cuidar da família.
    Grande abraço...

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