Capitulo 5– Porto Alegre a noite.
Fazia frio naquela
sexta-feira. Tínhamos terminado a semana e recebido os prêmios dos contratos da
semana, além dos valores para alimentação. Um grupo de vendedores resolveu sair
à noite para conhecer as belezas daquela cidade e fomos num grupo de uns 10 vendedores,
além de 01 supervisor e por indicação de motoristas de táxi. Recomendaram uma
casa de dança, localizada na Avenida 28 de outubro, onde toda sexta feira tinha
música ao vivo e era um lugar muito bom para se divertir. Não me recordo dos
nomes que estavam comigo, com exceção do Jocafe, que naquela época era com quem
eu tinham mais amizade e repartíamos o mesmo apartamento.
Ao chegarmos ao local, parecia
com uma boate dos dias de hoje. Pagamos um valor para entrar e lá dentro do
clube, havia uma grande pista de dança, com mesas em toda sua volta. Era um
ambiente bem iluminado e tinha um local reservado para uma orquestra. Nada de
DJs ou luz especial. Era tudo olho no olho, sem direito a disfarçar com jogos
de luzes. Como sempre acontece quando você chega num lugar estranho,
primeiramente, você fica parado num canto observando os movimentos, conhecendo
os caminhos, se ambientando.
Os bailes eram todos iluminados. |
- Uma garrafa de uísque,
garçom, disse um dos vendedores e com a chegada da bebida, o ambiente foi
ficando mais alegre e o pessoal foi se animando. Um deles se animou e tirou uma
garota para dançar, pois era assim que funcionava. Se quisesse, tinha que
chegar na mesa e convidar a moça para dançar. De vez em quando levava um não,
mas à medida que o uísque ia fazendo efeito, o não já não tinha importância.
Queríamos se divertir e a cada música e cada volta a mesa mais uma dose da
bebida e mais alegria. Nesta altura do campeonato, tudo era lindo, maravilhoso.
Todas as mulheres eram sensacionais e nós, os melhores dançarinos do mundo.
O tempo foi passando e os
pares foram sendo formados e me recordo que o Jocafe conheceu uma loira alta,
mulher muito bonita, atraente e rolou um clima entre eles e depois de um certo
tempo, eles foram embora do clube. Outros também juntaram com parceiras e a
noite foi sendo cada vez mais agradável. Eu estava dançando já algum tempo com
uma morena, creio que bonita também, quando a bebida começou a fazer efeito
para valer. Tudo começou a girar e eu não estava mais conseguindo ficar em pé,
quando o supervisor que estava conosco me levou até um taxi e pediu para o
taxista me deixar no Hotel Embaixador.
Entrei no carro dormindo. Recordo ter
chegado na recepção do hotel e pedido a chave e daí para frente não lembro como
cheguei no apartamento e não lembro até hoje. Realmente apaguei. Acordei no dia
seguinte por volta de 14 horas com uma tremenda dor de cabeça e aí pude notar a
sujeira que estava no apartamento. Mas nada do Jocafe. A cama dele estava
arrumada, portanto, ele ainda não havia voltado da noitada.
Tomei um banho e desci para a
recepção do hotel e lá encontrei alguns vendedores, outros tinham saído para ir
as compras ou mesmo visitar os belos parques daquela cidade, mas não encontrei
nenhum vendedor que havia ido ao baile. A noite resolvi ir ao cinema e o Jocafe
ainda não havia voltado. Quando retornei, já por volta de 23 horas, o Jocafe
estava dormindo profundamente e para não ser perturbado, colocou na orelha
aquela plaquinha que você coloca na porta – Não Perturbe. Foi muito engraçado.
No dia seguinte ele me contou que a loira era um furacão e quase acabou com
ele. Os outros também tiveram boas lembranças desta noite, mas a que vivenciei
foi a do Jocafe.
Mas esta cidade foi palco de
outras grandes histórias como a vivida pela nossa colega Lea Gení Morais. Veja
como foi: Em 1981 o Grêmio, um dos principais times do Brasil jogava a final do
Campeonato Brasileiro contra o São Paulo e venceu a partida com gol de
Balthazar. A festa foi imensa, começou no Morumbi e terminou nas ruas de Porto
Alegre, mas esta conquista foi inesquecível para os gremistas e também para a
Lea, pois ela tinha vindo passar o final de semana na sua casa, em São Paulo e
não tinha conseguindo voo para voltar a Porto Alegre no domingo a noite. Seu
marido, que trabalhava na aviação, conseguiu convencer o pessoal da companhia
aérea a deixa-la embarcar no voo do time do Grêmio. Imaginem a emoção dela de
estar ao lado dos campeões brasileiros. Inesquecível.
Só que esta foi uma
pequena parte da história, pois por coincidência, ela estava levando para Porto
Alegre, para um amigo, duas garrafas de Pinga 51. Pronto, estava feito a festa.
Ainda no ônibus, antes de embarcar, ela teve, devido a insistência dos
jogadores, ceder uma garrafa que ela estava levando e isto somente aumentou a
festa que durou todo o voo, regada com abertura da segunda garrafa. O amigo
ficou na saudade, mas em troca de ter cedido as garrafas e tornado a viagem
inesquecível, ela chegou junto com a comitiva vestindo uma camisa do Grêmio e
de quebra, uma toalha de banho, que diz ter guardado até hoje como lembrança
daquele dia inesquecível. Ao chegar no Aeroporto de Porto Alegre, a torcida do
Grêmio estava aguardando os campeões e estava impossível conseguir um táxi. Ela
estava desesperada para chegar ao hotel e por sorte de listeiro, surgiu uma
carona e tudo acabou bem. Coisas de Porto Alegre.
Domingo, era dia de descanso,
pois tínhamos estrada para enfrentar na segunda feira e foi um dia de preguiça.
Segunda feira cedo, já estava na estrada em direção a Santa Maria e outros vendedores
também partiram, cada um para seu destino, deixando para trás as boas
lembranças daquela cidade que nos acolheu tão bem.
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